TOP 10: Álbuns Imperdíveis de 2023


Encerramos mais um ano com a nossa eleição dos discos imperdíveis de 2023, aqueles registros que todo entusiasta da free music não deveria deixar de ouvir... 

 


Por Fabricio Vieira

Chegamos ao fim de 2023 com o nosso Top 10. A ideia que motiva fazer anualmente uma seleção desse tipo é destacar álbuns que não deveriam deixar de ser ouvidos por quem é entusiasta da free music (não necessariamente os melhores, mas discos incríveis que trouxeram alento e renovação ao gênero e que deveriam ser degustados por quem se interessa por essa seara musical). Mais fácil seria fazer uma lista com 20 ou, como alguns optam, com os 50, 100 destaques do ano, mas aí o desafio de garimpar até o extremo o que de novo chegou se perde... Então mantemos a proposta de eleger apenas 10 destaques (+ alguns extras: "Gravação Histórica/Reedição", "Disco Nacional do Ano" e “Livro do Ano”).  

2023 foi um ano em que especialmente os trabalhos com elementos composicionais fizeram a diferença, entregando muitos dos mais inspirados registros do período. Na verdade, quase todos os discos escolhidos aqui são frutos de processos composicionais (de artistas que também fizeram sua história na free improvisation, vale lembrar), tendo à frente em destaque pianistas e saxofonistas. Abrindo a lista de 2023 está a pianista suíça Sylvie Courvoisier e seu incrível projeto de tom onírico e inspiração simbolista Chimaera, para o qual montou um sexteto afinadíssimo. Na sequência, o saxofonista de NY James Brandon Lewis, que vive uma fase inspiradíssima, com seu trio (ele também editou outro grandioso álbum que poderia estar aqui, “For Mahalia, With Love”). Daí seguimos para a cena de Chicago, com Angel Bat Dawid e seu sublime Requiem for Jazz. Na sétima posição, Matthew Shipp aparece com um de seus mais inspirados discos para piano solo. Steve Lehman e sua parceria espectral com a francesa Orchestre National de Jazz é o próximo destaque da lista. A pianista canadense Kris Davis, com seu projeto Diatom Ribbons (trazendo o convidado especial Julian Lage) ao vivo no histórico Village Vanguard, abre o Top 5. Também pianista, o cubano Aruán Ortiz criou uma obra arrepiante, com apoio decisivo de seu camarada Don Byron. O saxofonista sueco Mats Gustafsson, comandando a Fire! Orchestra, deixou mais uma preciosidade em sua discografia neste ano e ficou com a terceira posição. E Matana Roberts, com o quinto capítulo de seu amado projeto Coin Coin, poderia ter ocupado a primeira posição, como fez em outros anos. Mas desta vez o saxofonista Darius Jones, apoiado por Gerald Cleaver e um quarteto de cordas canadense, entregou o registro mais impressionante de 2023.

Boas audições... Free The Jazz!!!

 

TOP 10 - 2023

 

10- CHIMAERA

Sylvie Courvoisier

Intakt Records

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9- EYE OF I

James Brandon Lewis

Anti- Records

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8- REQUIEM FOR JAZZ

Angel Bat Dawid

International Anthem

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7- THE INTRINSIC NATURE OF SHIPP

Matthew Shipp

Mahakala Music

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6- EX MACHINA

Steve Lehman & Orchestre National de Jazz

Pi Recordings

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5- LIVE AT THE VILLAGE VANGUARD

Kris Davis

Pyroclastic Records

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4- PASTOR’S PARADOX

Aruán Ortiz 

Clean Feed

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3- ECHOES

Fire! Orchestra

Rune Grammofon

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2- COIN COIN CHAPTER FIVE: IN THE GARDEN

Matana Roberts

Constellation

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1- FLUXKIT VANCOUVER (its suite but sacred)

Darius Jones

We Jazz Records/Northern Spy

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*DISCO NACIONAL DO ANO

CALISTHENICS

Marina Cyrino & Matthias Koole

Seminal Records

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*GRAVAÇÃO HISTÓRICA/ REEDIÇÃO

EVENINGS AT THE VILLAGE GATE

John Coltrane with Eric Dolphy

Impulse/UMe

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FORCE

Max Roach  & Archie Shepp

LMLR/Uniteledis

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*LIVRO DO ANO

EASILY SLIP INTO ANOTHER WORLD: A LIFE IN MUSIC

Henry Threadgill

Knopf


 

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*quem assina:

Fabricio Vieira é jornalista e fez mestrado em Literatura e Crítica Literária. Escreveu sobre jazz para a Folha de S.Paulo por alguns anos; foi ainda correspondente do jornal em Buenos Aires. Colaborou também com publicações como Entre Livros e Jazz.pt, de Lisboa. Nos últimos anos, tem escrito sobre música e literatura para o Valor Econômico. É autor de liner notes para os álbuns “Sustain and Run”, de Roscoe Mitchell (Selo Sesc), “The Hour of the Star”, de Ivo Perelman (Leo Records), e “Live in Nuremberg”, de Perelman e Matthew Shipp (SMP Records)