Por Fabricio Vieira
(photo: Geert Vandepoele) |
“Nos sentimos muito em casa no Brasil, e finalmente voltar
com um grande grupo de amigos escandinavos é algo que venho sonhando há muito
tempo. Acho que vai ser explosivo! O Acoustic Unity e a Supersonic Orchestra são
meus maiores sonhos se tornando realidade, e todos esses músicos são tipo
heróis para mim. Quando você adiciona nisso o Knarr, do Ingebrigt Flaten, e o Trio
North, da Mette Rasmussen, acho que vamos curtir muito!”, disse Gard
Nilssen, em conversa com o FreeForm, FreeJazz.
(photo: Felix Zimmermann) |
A Supersonic Orchestra lançou seu primeiro álbum em 2020, trazendo uma incrível big band que oferecia música intensa e enérgica, mas também com momentos de grande inventividade harmônica e ritmicidade contagiante – não à toa, foi eleito Disco do Ano pelo FreeForm, FreeJazz. “A Supersonic Orchestra é a versão big monster do Acoustic Unity, e a ideia surgiu quando tive a oportunidade de ser artista residente no Molde Jazz Festival, na Noruega, em 2019. Eles me deram carta branca para criar uma banda com quem quisesse e compor a música que eu ouvia na minha cabeça, feita especialmente para meus músicos favoritos no mundo!”, conta ele. Sobre as composições da banda, que toca basicamente temas próprios, o baterista e compositor afirma que “o progresso da escrita é assim, ouço uma melodia ou um riff e depois gravo no celular, aí tento tirar no vibrafone e depois trabalho junto com meu parceiro de crime, o André Roligheten”. “Nós fazemos os arranjos juntos e eu quero que seja difícil para tocar o suficiente para que a banda tenha que se concentrar na música, mas que também tente encontrar um equilíbrio no material escrito que permita aos músicos serem livres e criativos, trazendo seus próprios sons e impressões sonoras para o conjunto”, explica Gard Nilssen.
“Não me importo com gêneros e colocar algo em uma caixa, e chamar disso ou daquilo funciona mais como um freio criativo para mim. Não quero excluir as coisas só porque não se enquadram no rótulo de ‘jazz old school’ ou algo assim. Quero mergulhar em cada ideia e inspiração que existe e tentar criar alguma música a partir delas junto com os músicos da Orchestra.”
Gard Nilssen se encaixa nesta categoria, sendo ele um
colecionador de discos. E música brasileira não falta em sua coleção. “Eu adoro
música brasileira. Milton Nascimento com o clássico Clube da Esquina, Egberto
Gismonti, Baden Powell & Vinicius de Moraes, Chico Buarque com Construção,
além de Quarteto Novo e seu álbum homônimo, de 1967. Mas o meu favorito de
todos os tempos deve ser o Cartola com o álbum Verde Que Te Quero Rosa, de
1977. Uma pérola lendária que ouço muito!! Além disso, Hermeto Pascoal é
fantástico, claro, e tenho ouvido a bela e criativa bateria e canto de Airto
Moreira com músicos de jazz, em sua maioria norte-americanos, desde que era
adolescente. Mal posso esperar para explorar as lojas de discos daí e trazer
mais da tocante música popular brasileira para casa, para o frio Norte!”
-Quando: 23/1 (ter), às 20h
Abertura: Trio North (Mette Rasmussen)
-Quando: 24/1 (qua), às 20h
Abertura: (Exit) Knarr (Ingebrigt Haker Flaten)
-Onde: Sesc
Belenzinho / SP
Quanto: R$ 15
(credencial) a R$ 50 (inteira)
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*quem assina:
Fabricio Vieira é jornalista e fez mestrado em
Literatura e Crítica Literária. Escreveu sobre jazz para a Folha de S.Paulo por
alguns anos; foi ainda correspondente do jornal em Buenos Aires. Colaborou
também com publicações como Entre Livros e Jazz.pt, de Lisboa. Nos últimos
anos, tem escrito sobre música e literatura para o Valor Econômico. É autor de
liner notes para os álbuns “Sustain and Run”, de Roscoe Mitchell (Selo
Sesc), “The Hour of the Star”, de Ivo Perelman (Leo Records), e “Live
in Nuremberg”, de Perelman e Matthew Shipp (SMP Records)