LANÇAMENTOS Nada menos que 68 álbuns do saxofonista Ivo Perelman, gravados para o selo Leo Records, começam a ser disponibilizados pela primeira vez no Bandcamp...
Por Fabricio Vieira
Se pararmos para pesquisar, rapidamente descobrimos que muita
música ainda está fora das plataformas, música à qual só se tem acesso
comprando o disco mesmo (muitas vezes, já fora de catálogo). Atento a isso, Phil Freeman, do Burning Ambulance, começou a trazer o catálogo do lendário selo britânico Leo
Records para o Bandcamp, permitindo o acesso a obras vitais da free music a
mais gente. Todo o material resgatado pode ser comprado em formato digital, a
US$ 10 o álbum (os discos completos também ficam disponíveis para audição livre).
Já foram resgatados nesse processo álbuns de Cecil Taylor, Joëlle Léandre, Evan
Parker, AEC, Marilyn Crispell, dentre outros. Agora chegou a vez do material de
Ivo Perelman. Como a discografia do saxofonista é muito extensa – serão relançados
68 discos dele editados pelo Leo Records! –, esse material chegará em etapas.
Hoje subiu a primeira fornada, com 20 discos, música para encher todo o fim de
semana! As próximas levas chegarão em lotes, uma vez por mês, até julho. Neste
lote que subiu, há diferentes exemplares mais antigos, da década de 1990,
quando a música de Perelman era mais adentrada à energy music. Selecionamos
aqui 4 discos, com as peças mais demolidoras, para quem quiser começar a
audição desse material pelas vias de maior intensidade.
Considero este um disco essencial não só na discografia de
Ivo Perelman, mas também no free jazz feito na década de 1990. O saxofonista
aqui se une ao contrabaixista William Parker e ao lendário baterista Rashied
Ali. O álbum foi gravado no estúdio Systems Two, no Brooklyn (NYC), no dia 18
de junho de 1996. São 10 peças de altíssima temperatura, 3 delas livremente inspiradas no cancioneiro popular.
Três meses depois de “Sad Life”, Ivo Perelman estava tocando com outros parceiros, que apareceriam em muitos registros nos anos seguintes. Novamente em trio, o saxofonista tem a seu lado aqui Dominic Duval (baixo, baixo preparado e live electronics) e o baterista Jay Rosen. Registro live in studio, feito no Rocking Reel, East Northport, em 24 de setembro de 1996. Apenas três faixas, duas com mais de 20 minutos, em que Duval adiciona elementos que dão um tempero especial. Produzido por Leo Feigin.
Ao trio que gravou “Seeds, Vision and Counterpoint” se une
uma quarta voz, o violoncelista Tomas Ulrich. O quarteto resultante oferece um material completamente distinto.
Dominic Duval se concentra apenas no contrabaixo “limpo” e faz uma dobradinha com
Ulrich de muita potencialidade. Gravado no Hillside Studio em março de 1998,
traz sete faixas, que variam de 3 a 11 minutos. O sax tenorista toca também trombivo
(trombone com boquilha de sax). Perelman homenageia no título o melômano e colecionador
de discos paulistano José Sieiro, morador do bairro de Santana (que nomeia
também uma faixa).
No mesmo período em que concebeu “Siero”, Ivo Perelman fez
este duo com Jay Rosen. Gravado também no Hillside Studio em março de 1998,
este álbum apresenta o mais intenso encontro de sax e bateria que Perelman
conduziu em sua carreira (e ele testou o formato em muitas oportunidades na sua
trajetória). O encontro resultou em 12 peças, que vão de 1 a 8 minutos, com muita
energia dissipada.