William Parker e Matthew Shipp: reencontros


BREVEs
O baixista William Parker e o pianista Matthew Shipp se unem em novos projetos e lançam nos próximos meses um álbum em duo e outro em trio com o baterista Francisco Mela... 

 


Por Fabricio Vieira


Parece até estranho falar em reencontro quando associamos os nomes de William Parker e Matthew Shipp. Baixista e pianista estiveram lado a lado em dezenas de álbuns nas últimas três décadas e nunca deixaram de participar juntos de diversos projetos. Mas curiosamente pouco gravaram em duo. E é desse reencontro que se trata aqui. Baixista e pianista gravaram duetos juntos apenas em duas oportunidades, e na década de 1990, editando os álbuns "Zo" (94) e "DNA" (99). Então é empolgante saber que um novo registro unindo suas vozes está para chegar. Re-Union, que vai ser editado pelo selo Rogue Art no mês de agosto, apresenta um registro feito por Shipp e Parker em fevereiro de 2019 no estúdio Sextan - La Fonderie, em Malakoff (França). "There is not much I can say about the music except to say we just play the music. At times what is here seems to me to transcend the idea of music and enter some realm of pure language and vibration. I feel so blessed to be in a duo of this sort", diz Shipp. São quatro extensos temas, totalizando cerca de 55 minutos de música. As novas faixas remetem aos encontros do duo em seus títulos: "The New Zo", "Further DNA", "Song of Two" e "Re-Union".

Parker e Shipp aparecem juntos em uma outra gravação que está para chegar. Aqui a voltagem é distinta, sendo um trio em ação, com a entrada em cena do baterista cubano Francisco Mela. Chamado de Music Frees Our Souls, o álbum é um projeto idealizado por Mela em homenagem ao pianista McCoy Tyner (1938-2020), com quem ele tocou por algum tempo. O disco abre com a voz de Mela convocando Shipp e Parker ("Okay guys, ready? Rolling!") e traz três temas, dois bastantes extensos ("Light of Mind" e "Infinite Consciousness") e um breve ("Dark Light"). O material foi captado em novembro de 2020, no Douglass Recording, no Brooklyn (NY). Até por ser a primeira colaboração do grupo, o álbum soa bastante fresco e aberto, indo das linhas mais abstratas de "Infinite Consciousness" aos picos de energia e tensão de "Light of Mind". Music Frees Our Souls terá ainda outros dois capítulos, sempre com Parker no baixo e um revezamento de pianistas. O álbum será editado em setembro pelo selo 577 Records.