O free jazz está presente em todos os cantos do mundo. Mesmo que siga sendo uma música underground, com suas seis décadas de história, a voz mais radical do universo jazzístico ecoou em todos os continentes. E na América Latina não poderia ser diferente...
Por Fabricio Vieira
O free jazz surgiu no alvorecer da década de 1960 nos Estados Unidos. Em poucos anos, foi se espalhando pela Europa – Alemanha, França, Holanda, Itália, Inglaterra –, que começou a desenvolver sua própria linguagem antes de os anos 60 acabar. O Japão foi o próximo polo de efervescência da free music, na virada dos anos 60/70. Já a América Latina levaria bem mais tempo para ter uma cena free jazzística. Por motivos diversos – a maior dificuldade de comunicação em uma era sem internet, as ditaduras que assolaram os países latino-americanos entre os anos 60 e 80, a falta de intercâmbio com músicos estrangeiros –, foram poucos e isolados os projetos ligados ao free jazz desenvolvidos na América Latina até a década de 1990.
A maior dificuldade em se fazer registros décadas atrás, de áudio e vídeo, deixa lacunas importantes nessa história. Muito do que os pioneiros do free jazz e da free improvisation na América Latina, que começaram a desenvolver seus trabalhos ainda nos anos 60 e 70 – como Marcio Mattos (Brasil), Ana Ruiz e Henry West (México), Guillermo Gregorio (Argentina), Elbio Barilari (Uruguai), Matias Pizarro, Manuel e Patricio Villarroel (Chile) –, fizeram no início de suas trajetórias conhecemos apenas de ouvir falar. E a maioria deles acabou tendo que deixar seus países, rumo aos EUA e à Europa, para desenvolver a música que ambicionavam. Não podemos esquecer que o free jazz é uma música underground no mundo todo, o que só se acentuou na era pós-Coltrane, e que escolher essa seara musical, especialmente na América Latina no século passado, era um ato de grande ousadia. O acesso dos artistas locais a esse universo musical também era bastante difícil, já que essa sempre foi uma música ignorada por rádios e produtores/curadores quando os festivais de jazz começaram a se estabelecer nos países latino-americanos. Contam-se nos dedos as vindas de músicos de free jazz à região em décadas passadas, como os casos raros de Steve Lacy na Argentina, em 1966, Don Cherry no México, em 1977, e Elton Dean no Brasil, em 1986.Para tentar ilustrar um pouco o percurso e os reflexos do free/avant-garde jazz na América Latina, fizemos um levantamento de álbuns editados e projetos desenvolvidos nas últimas cinco décadas. O que se nota são ao menos dois grandes blocos distintos: no século XX, artistas e gravações isoladas, que têm de ser garimpadas mesmo; no século XXI, especialmente após 2010, abundam os exemplares, o que demanda um processo mais de escolha, curatorial (infelizmente bons discos e artistas ficaram de fora, mas procuramos colocar algum limite para não ficar também um levantamento sem fim). Lembramos que há o caso de artistas latino-americanos que tocaram em contextos free jazz, mas que não conduziram propriamente projetos por esse caminho. Podemos citar o saxofonista panamenho Carlos Garnett, que tocou no álbum "Black Unity" (72), de Pharoah Sanders, mas que preferiu os rumos pós-bop/funk-soul para sua obra. Tem também o caso do percussionista brasileiro Dom Um Romão gravando com o grupo OM, de Urs Leimgruber, em 78. Ou o pianista argentino Gustavo Kerestezachi, que participou de “Africa is Calling Me” (74), de Bob Reid. Mas o que buscamos foi focar discos em que os artistas latino-americanos comandam (ou colideram) os projetos em destaque. Um dos limites de abordagem impostos, até para tentar ampliar as opções apresentadas, foi trazer apenas uns 20 discos, algo mais, por país e 2 discos por artista. O que se vê no final são cenas mais intensas em Argentina, Brasil, México e Chile, com a Colômbia ganhando destaque no século XXI. Vale frisar que não tratamos aqui de gêneros/estilos regionais (afro-cuban, bossa nova, latin jazz, música instrumental brasileira, salsa, tango...), a ideia foi focar o universo free/avant jazz, adentrando as fronteiras dos campos abertos pela "european free improvisation". Também não focamos propriamente a música experimental (noise, eletroacústica, drone, ambient, eletrônica...), passo que nos levaria a uma infinidade de outras vias. Tampouco olhamos para o fusion/jazz-rock, que tantos bons artistas a região gestou. Não era essa a proposta; mais uma vez, o que se quis foi traçar um percurso sonoro-histórico do free/impro/avant jazz na América Latina. Nessa jornada, aparecem artistas mais conhecidos, outros esquecidos, discos raros, muita produção independente, em um painel que abarca mais de cinco décadas de música, com representantes de mais de uma dúzia de países. Os discos seguem uma disposição cronológica e os países entre parênteses se referem à origem do músico destacado. Boas audições.*Free the Jazz! 85 álbuns de artistas da AL (um panorama sonoro-histórico)*
-Primeiras décadas: em busca de uma liberdade sonora
1- In Search of a Mistery (1967 - Argentina)
Gato Barbieri
ESP-Disk ouça/listen
Este pode ser considerado o primeiro disco de free jazz lançado por um artista latino-americano. O saxofonista argentino Leandro “Gato” Barbieri (1932-2016) havia deixado seu país alguns anos antes e teve a oportunidade de gravar esta sessão em março de 67 em Nova York. Em quarteto com Sirone (baixo), Calo Scott (violoncelo) e Bobby Kapp (bateria), Barbieri, que vinha de uma temporada ao lado de Don Cherry, começa a trilhar seu caminho, que sofreria mudanças à frente.2- Terremoto... (1971 - Chile)
Manuel Villarroel [Matchi-Oul]
Futura Records ouça/listen
O pianista chileno Manuel Villarroel chegou na Europa no fim dos anos 60. Em Santiago, já vinha adentrando as searas mais radicais do jazz, mas buscava um lugar que melhor acolhesse suas ideias. Estabelecido na França, criou o grupo Matchi-Oul, septeto que depois virou big band. Nesta estreia, adentra o universo free jazzístico trabalhando sete peças suas. Para a empreitada, Manuel convocou uma extensa sessão de sopros formada por músicos franceses, como o saxofonista Jeff Sicard.3- Bronca Buenos Aires (1971 - Argentina)
Jorge López Ruiz
Trova ouça/listen
O baixista Jorge Lopez Ruiz (1935-2018) teve grande importância na modernização do jazz argentino. Buscando uma linguagem local adentrando o avant-garde jazz, Ruiz alcança seu máximo neste clássico disco-protesto gestado em meio à ditadura militar. Impressionante orquestração, narração com tom político-poético e solos marcantes em uma suíte em quatro partes. Destaque às atuações do saxofonista Horacio Chivo Borraro e do pianista Fernando Gelbard.4- Atrás del Cosmos (1970's - México)
Ana Ruiz / Henry West
Independente ouça/listen
A pianista Ana Ruiz foi uma das primeiras vozes do free jazz no México. Lá para 1973, ao lado do saxofonista Henry West, começou a explorar o free impro, no que culminou na criação do grupo Atrás del Cosmos, ao qual se juntaria o baterista Robert Mann. Em 77, levaram Don Cherry ao país, com quem se apresentaram. Infelizmente o grupo, que durou até 84, não deixou discos (Ruiz tem gravações inéditas que estão sendo digitalizadas).
5- Chapter One: Latin America (1973 - Argentina)
Gato Barbieri
ABC/Impulse! ouça/listen
A união de sonoridades latino-americanas com o free jazz foi idealizada por Gato Barbieri no fim dos anos 60, começando com "The Third World" (69). Inspirado por Glauber Rocha, o saxofonista teria na série “Chapter” um campo de exploração dessas ideias, para a qual convocou diferentes músicos da AL. "Encuentros" e "La China Leoncia..." são arrasadoras, com o fulminante sax em meio a uma formação com instrumentos regionais e o sólido pulso do baterista Pocho Lapouble.6- Jazz Invierno (1975 - República Dominicana)
Darío Estrella
Fasa Records ouça/listen
O pianista Darío Estrella é um dos criadores do estilo merengue-jazz. Estrella se diz um admirador do free e que ouvia muito Sun Ra à época. Foi quando adentrou as margens do free jazz com seu Vanguard Jazz Group, sendo a primeira vez que algo do gênero foi tocado na República Dominicana. Este álbum traz pinceladas free em meio a seu pessoal jazz, com explosivo sax de Mario Rivera em releitura de "Amen", de Coltrane.7- Viajando com o Som (1976 - Brasil)
Hermeto Pascoal
Far Out Recordings ouça/listen
Se Hermeto Pascoal nunca foi propriamente um músico de free jazz, ele representa a liberdade em si. E esta gravação feita no estúdio Vice-Versa (SP), considerada perdida por décadas, traz alguns de seus momentos mais avant-jazz. Acompanhado de três saxes (Nivaldo Ornelas, Mauro Senise, Raul Mascarenhas), baixo, guitarra, voz (Aleuda Chaves) e os irmãos Zé Eduardo e Lelo Nazario, Hermeto (piano elétrico, flauta) deixa a improvisação rolar solta. Editado comercialmente apenas em 2017.8- Codona (1978 - Brasil)
Naná Vasconcelos [Codona]
ECM ouça/listen
O percussionista pernambucano Naná Vasconcelos (1944-2016) coliderou esse seminal grupo ao lado do pioneiro do free jazz Don Cherry e de Collin Walcott. Juntando a liberdade improvisativa a sonoridades de diferentes culturas, o Codona fez esta sua primeira gravação em setembro de 78. O grupo teria sua jornada interrompida pela morte de Walcott, em 84. Na seara do free jazz, Naná, improvisador único no berimbau, deixou gravações com Perry Robinson, Baikida Carroll e Pierre Favre.9- Musica Infinita (1978 - México)
Tino Contreras
Centro de la Cultura Pre-Americana ouça/listen
O baterista e percussionista Tino Contreras é uma das fortes referências da cena jazzística mexicana, em atividade desde os anos 50. Contreras comandou projetos de diferentes perfis e alcançou neste Musica Infinita, com o grupo Quinto Sol, sua obra mais avant-jazz. Com elementos free, cosmic-jazz e algo psicodélico criou um disco de atmosfera única, com sopros, harpa, piano, voz e percussão. Saiu em prensagem limitada de 500 cópias, sendo reeditado só em 2020.10- Reflexões Sobre a Crise do Desejo (1981 - Brasil)
Grupo Um
Y/Editio Princeps ouça/listen
Após uma marcante estreia (“Marcha sobre a Cidade”), o Grupo Um deu um passo além e intensificou sua experiência avant-garde neste segundo registro. Os irmãos Lelo (piano) e Zé Eduardo Nazario (bateria), com Mario Senise (sax) e Rodolfo Stroeter (baixo), se mais inclinados ao fusion, nunca estiveram tão abertos ao free como aqui, sendo o ápice dessa experiência o tema “Mobile/Stabile”. O grupo ganha reforço do alemão Felix Wagner (clarinete, piano elétrico).
11- Raposa Velha (1981 - Brasil)
Raposa Velha
Independente ouça/listen
Da cena instrumental da Bahia, que florescia à época, vem esse inventivo e raro trabalho. O Raposa Velha foi um quinteto que reuniu Zeca Freitas (saxes), Fred Dantas (trombone), Mou Brasil (guitarra), Carlinhos Marques (baixo) e Jorge Brasil (bateria), buscando adentrar vias jazzísticas mais avant. O disco começa com uma vibe mais fusion, mas vai adensando suas investidas com o passar das faixas, para atingir momentos mais ariscos, já mirando o free, nas peças finais.12- Terapia (1982 - México)
Francisco Mondragon Río
Discos Tahuti
O guitarrista mexicano Francisco Mondragon Río (1952-2004) iniciou sua carreira no fim dos anos 70 com o trio Semanforash, de pegada mais fusion. Neste raro álbum gravado no início dos anos 80, infelizmente nunca reeditado, adicionou três saxes a seu trio original e enveredou pelas searas do free jazz, que passaria a estar mais presente no seu trabalho dali adiante. No decorrer daquela década, gravaria discos ao lado de Archie Shepp, Karl Berger e John Tchicai.13- Primitivo (1983 - Peru)
Miguel Flores
Buh Records ouça/listen
Miguel Flores faz parte da geração pioneira que adentrou o campo da improvisação e do experimental no Peru nos anos 70 sem se esquecer do popular. Alguns de seus trabalhos editados de forma independente foram resgatados nesses anos pelo Buh Records (e agora mais gente pode chegar a esse inquietante material). Primitivo é um singular registro, com três peças, em que Flores (guitarra, percussão) une suas ideias a voz, sintetizador e ao potente sax de Manuel Miranda, em meio a muita improvisação.14- Un Hilo De Luz (1988 - Argentina)
Grupo de Improvisación Tercer Mundo
Melopea Discos
O saxofonista Marcelo Peralta (1961-2020) começou a explorar o free jazz na Buenos Aires dos anos 80, ao lado do guitarrista Jorge Mancini. Data dessa época esse seu primeiro registro, feito com o Grupo de Improvisación Tercer Mundo, que contava com Mancini, Mariana Potenza (flauta, percussão) e Victor da Cunha (percussão). O disco traz elementos de música popular associados à liberdade free jazzística – a faixa-título tem indicativo subtítulo: “Homenaje a Pharoah Sanders”.15- Cyro (1988 - Brasil)
Cyro Baptista / Derek Bailey
Incus ouça/listen
O percussionista Cyro Baptista deixou o Brasil no início da década de 1980 em busca de novos rumos para sua música. Acabou caindo no Lower East Side (NY) e se envolveu com a nascente downtown scene. Certo dia conheceu o lendário guitarrista britânico Derek Bailey (1930-2005), que tocava na cidade. Não tardou para que, isso ainda em outubro de 82, unissem forças e ideias que culminaram nesse histórico duo de improvisação, parceria repetida alguns anos depois.16- Lito (1989 - Panamá)
Carlos Ward
Leo Records ouça/listen
Carlos Ward já tinha se mudado com a família para os EUA quando o free jazz começou a acontecer. Desembarcando em NY ainda nos anos 60, circulou muito pela cena e participou dos grupos de Cecil Taylor, Don Cherry, Rashied Ali e Don Pullen. O saxofonista panamenho demorou para começar a gravar seus próprios álbuns e fez poucos registros. Lito, captado em saborosa apresentação no North Sea Jazz Fest, em Roterdã, marca sua estreia, com tempero free-bop e bem ajustado quarteto.-Década de 90: com o foco mais direcionado ao free jazz
17- Children of Ibeji (1992 - Brasil)
Ivo Perelman
Enja ouça/listen
Disco representativo da primeira fase de Ivo Perelman, quando buscava interação entre o free jazz e brasilidades, Children of Ibeji mostra o saxofonista desconstruindo temas do cancioneiro popular. A empreitada teve a participação de nomes como Flora Purim, o percussionista Guilherme Franco, Fred Hopkins (baixo) e o baterista Andrew Cyrille (que é filho de haitianos). Temas como “Mina do Santê” e “O Morro” revisitados em versões explosivas neste que foi o segundo álbum gravado pelo saxofonista.18- Encuentros (1995 - Argentina)
Sergio Paolucci
Epsa Music ouça/listen
O sax alto Sergio Paolucci, em atividade desde os anos 70, demorou para começar a gravar, até por ter o free como ponto de partida. Sua tímida discografia tem em um de seus primeiros títulos este Encuentros. Paolucci está acompanhado de figuras de diferentes escolas do jazz argentino, do trompetista ‘Fats’ Fernandez ao pianista Ruben Ferrero (além do saxofonista britânico George Haslam). E isso se reflete no resultado variado das faixas, alternando pontos mais jazzy e picos free/energy, como em “Paroxismo”.19- Cráneo de Jade (1996 - México)
Remi Álvarez/ Aarón Cruz/ Toni Gall
Opción Sónica ouça/listen
Atuando desde a década de 1980, o saxofonista mexicano Remi Álvarez tem desenvolvido uma sólida trajetória no free jazz de seu país. Álvarez toca grande parte da família dos saxofones, além de flauta. Cráneo de Jade foi um trio que montou ao lado de Aarón Cruz (baixo) e Toni Gall (bateria) nos anos 90 e mostrava um free jazz direto, aberto a elementos rock. Na discografia de Álvarez, destacam-se potentes duos com os baixistas Mark Dresser e Ingebrit Haker-Flaten.20- Improvisations (1996 - Chile)
Patricio Villarroel/ Deschepper/ Merville
Transes Européennes ouça/listen
21- Approximately (1996 - Argentina)
Guillermo Gregorio
Hat Art ouça/listen
O saxofonista e clarinetista Guillermo Gregorio foi um dos primeiros músicos da AL a adentrar a free improvisation. Gregorio, que migrou para os EUA nos anos 80, foi figura fundamental do underground argentino nos anos 60, tendo feito parte do Movimiento Música Más, ligado aos ideais do Fluxus. Aqui vemos Gregorio em quinteto, ao lado de Mat Maneri (violino) e Eric Pakula (sax), mais piano e baixo, em um belo exemplar de sua música cheia de sutilezas e detalhes, com a improvisação no cerne de suas peças.
22- Samâ (1998 - Bolívia/México)
Marcos Miranda
Meisa ouça/listen
Nascido em La Paz, o saxofonista e clarinetista Marcos Miranda se mudou ainda jovem para o México com a família. E foi por lá que desenvolveu sua carreira. Neste encantador álbum, Miranda mostra uma música marcada por elementos orientais e latino-americanos (algo do spiritual jazz dos anos 70 está presente) em meio a linhas improvisativas que podem se revelar mais enérgicas, como em "Elvin" e "O.M.". Seu parceiro na empreitada é o baterista Santiago Fortson.23- Las Calles de Plata de la Portales (1998 - México)
Germán Bringas
Alter-Music/Jazzorca ouça/listen
O saxofonista Germán Bringas é um dos nomes centrais da cena free jazzística mexicana. E não apenas por seu trabalho como músico: ele está por trás do Café Jazzorca, bar (e selo) onde rolam gigs de free music desde os anos 90. Aqui vemos Bringas ao vivo em seu clube, com seu trio de então, com Rodrigo Castelán (baixo) e Alejandra Arellano (bateria), além de convidados. Na década seguinte, montaria outro trio, o Zero Point, com seu conterrâneo Itzam Cano no baixo.24- La Cornetita (1999 - Argentina)
La Cornetita
PAI ouça/listen
Quarteto formado em 1997 em Buenos Aires, “La Cornetita” tem como proposta apresentar um free jazz trabalhando temas próprios em um forte contexto improvisativo. Na linha de frente do grupo estão o saxofonista Pablo Puntoriero e o baixista Pablo Vázquez. Neste álbum de estreia, a que se juntam também Fernando Alvareda (trombone) e Daniel Miguez (bateria), ouvimos interessantes temas do quarteto, que não nega a herança do free jazz clássico dos anos 60.25- Hipereter (1999 - Argentina)
Lucio Capece/ Merce/ Garín/ Velikovsky
Noseso Records ouça/listen
Dois saxes e duas baterias.Esse quarteto argentino de poderosa formação reuniu Lucio Capece (soprano) e Sergio Merce (tenor) aos bateristas Zelmar Garín e Gerardo Velikovsky, em uma potente sessão de free jazz. Podendo partir de trechos compostos ou improvisando livremente, o grupo apresenta quatro peças, que oscilam entre passagens de grande energia e momentos menos ariscos, tendo em "Hipereter 2" uma boa síntese da sonoridade proposta. Ao que parece, o quarteto deixou apenas este registro.-Século XXI: novas cenas; a expansão do free impro
26- Cacri Jazz (2000's - Venezuela)
Pablo García
Independente ouça/listen
Pioneiro do free jazz na Venezuela, em atividade desde os anos 80, o saxofonista Pablo García criou o projeto Cacri Jazz no começo deste século. Tendo por base um duo, com o percussionista Manuel Miranda, o Cacri Jazz varia sua formação de acordo com a gig. Costuma tocar nas ruas de Caracas. Não se encontram discos oficiais (há CDRs, mas não localizamos); sabe-se de um “Alive In Caracas”, parceria com o poeta Don Paul.27- Buenos Aires, 2000 (2000 - Argentina)
Pablo Ledesma/ Mono Hurtado/ Fernández
Audition Records ouça/listen
Pablo Ledesma, saxofonista de La Plata, e o baixista Mono Hurtado se uniram para esta sessão ao pianista espanhol Agustí Fernández, que tinha ido à Argentina para algumas apresentações. O encontro do trio se deu em abril de 2000, no Moebio Studio, em Buenos Aires. Ledesma (alto e soprano) e Hurtado, ativos na cena jazzística argentina desde meados dos anos 80, adentram aqui de forma mais profunda o universo da free improvisation. Editado comercialmente apenas em 2011.28- El Danzon De Moises (2002 - Cuba)
Roberto Juan Rodriguez
Tzadik ouça/listen
Roberto Juan Rodriguez é um baterista cubano que se mudou com a família, de ascendência judaica, para a Flórida. Por lá, começou a desenvolver uma música que uniu sonoridades cubanas ao klezmer e o avant-jazz. Não tardou para ser descoberto por John Zorn, que deu a oportunidade dele gravar esta empolgante estreia, que contou com a participação de músicos tradicionais, como seu pai Roberto Luis (trompete), e nomes referenciais do free, como Susie Ibarra, Mark Feldman e Craig Taborn.29- Suite For Helen F. (2003 - Brasil)
Ivo Perelman
Boxholder
Ivo Perelman já tinha universalizado sua música a esta altura, se estabelecendo em NY e deixando para trás a exploração de brasilidades. Para este excitante projeto, montou um "double trio": junto ao sax tenor estão dois baixos (Mark Dresser, Dominic Duval) e duas baterias (Gerry Hemingway, Jay Rosen) – difícil não ver inspiração na seminal experiência de Coleman com o "double quartet" em Free Jazz. Improvisação coletiva de muita energia marca esta suíte em sete partes.
30- Ultramarino (2003 - Chile)
Ensamble Stalker
Acefalo Records ouça/listen
O guitarrista Luis Toto Alvarez comanda um dos centros da free music chilena, em Valparaiso. Neste registro de seus tempos iniciais, Toto está acompanhado por Alejandro Ibañez (trompete), Manuel Estay (bateria) e Rodrigo Lagunas (baixo). O potente quarteto, em atuação ao vivo, mostra um free jazz por vezes climático, marcado pelas rasgantes linhas de Ibañez. Além de músico, Alvarez desenvolve importante trabalho de fomento do free, por meio do Acefalo Festival e do selo de mesma rubrica.31- Untitled #01 (2003 - Brasil)
Combo Recife de Improviso
Independente/Cumshot ouça/listen
Projeto desbravador do free impro brasileiro, o Combo Recife de Improviso reuniu Thelmo Cristovam (sax), Túlio Falcão (sintetizador), Elisângela Assis (flauta), Arthur Lacerda (guitarra), Mateus Alves (baixo) e Maurício Chiari (bateria) para esta sessão captada em julho de 2003. Deixando duas longas faixas de improviso coletivo, em cerca de 50 minutos, o grupo (que apareceria com mudanças em experiências futuras) deixou este testemunho fundamental de um momento em que falar em free impro no país era algo raro.32- La Revuelta (2004 - Colômbia)
Asdrubal
La Distritofonica ouça/listen
O coletivo La Distritofonica foi fundamental no começo do fortalecimento do free na Colômbia. Daí saiu o Asdrubal, sexteto que se propôs a explorar um free jazz permeado de sonoridades populares e muita improvisação. Nesta instigante estreia, trazia músicos que dariam suporte à cena: María Valencia (sax), Alejandro Forero (guitarra), Ricardo Gallo (piano), Daniel Restrepo (baixo), Jorge Sepúlveda (bateria) e Carlos Tabares (trompete).
33- Contra-Mão (2004 - Brasil/Argentina)
Yedo Gibson/ Panda Gianfratti/ Ruben Ferrero
Independente ouça/listen
Este registro marca os tempos iniciais da trajetória no free de dois dos mais destacados nomes da cena brasileira, o saxofonista Yedo Gibson (que não muito depois mudaria para a Europa) e o percussionista Antonio Panda Gianfratti. Nesse marcante encontro free jazzístico, que aconteceu em palco e estúdio em São Paulo, a dupla contou com a colaboração do pianista argentino Ruben Ferrero. Marco dos tempos iniciais da cena paulistana que se estabeleceria na década seguinte.34- Cacerola (2005 - Argentina)
Enrique Norris/ Lazo/ Ferrera
Uanchu
O veterano cornetista Enrique Norris é um dos mais respeitados nomes da cena argentina. Em atividade há algumas décadas, passou a gravar de forma mais constante apenas neste século. Aqui se uniu ao inventivo guitarrista Wenchi Lazo e ao baterista Alejandro Ferrera. “Cacerola (...) simboliza un lugar donde se mezclan, funden, transmutan elementos de diverso origen”, diz Norris, sintetizando a música que oferece aqui, tendo seu melhor resultado na enérgica “Pulsimetro”.35- Shishogan (2006 - Brasil)
Rob Ranches / Mário Conte
Independente ouça/listen
Quando Rob Ranches (sax) e Mário Conte (bateria) entraram no estúdio Arboria (SP) para conceber este registro em duo, o free jazz era algo ainda muito pouco presente na cidade. Ranches pouco antes tinha dado início (junto a outros artistas) ao projeto/coletivo Supersimetria, fundamental base sonoro-experimental de SP no período. O duo gravou outros títulos de sax-bateria, formando uma trilogia. A música, crua e direta, bem representa o underground instrumental paulistano da época.36- Harte Cago (2006 - Chile)
Colectivo No
Independente ouça/listen
Surgido em 2004, em Santiago, como um duo formado por Ervo Pérez e Ariel Toro (teclados, eletrônicos), o Colectivo No visava as linhas mais ruidosas da improvisação livre. Logo ganhou o reforço de Julio Cortés (sax), DJ Leinad (baixo) e Francisco Morales (bateria), alcançando sua mais intensa e característica sonoridade. Com mudanças no decorrer do tempo, editaram vários discos, mantendo sempre a proposta de “hacer cagar los oídos, a ser una patada en la cabeza”.37- Invasores del Espacio (2006 - Colômbia)
Pacho Dávila
Independente ouça/listen
O saxofonista colombiano Francisco 'Pacho' Dávila ficou conhecido em seu país quando lançou "Canto Mestizo" (2004), em que a improvisação encontrava o folclore local. Seus projetos seguintes o levaram cada vez mais a se aprofundar no free jazz e na improvisação livre, sendo este Invasores del Espacio, gravado com o local Grupo Zumo, um de seus registros iniciais com essa visada. Depois de uma passagem por NY, onde gravou com Pheeroan akLaff, Dávila se estabeleceu na Alemanha.38- Abaetetuba & Marcio Mattos (2006 - Brasil)
Abaetetuba
Independente ouça/listen
Não há como dissociar a improvisação livre feita no Brasil neste século e o nome Abaetetuba. O seminal coletivo, que costuma atuar com formação entre quarteto e sexteto, reuniu aqui seus mais ativos membros, o percussionista Panda Gianfratti, Thomas Rohrer (rabeca, sax), Rodrigo Montoya (shamisen, violão), Renato Ferreira (clarinete, baixo) e Luiz Gubeisse (voz). A eles se juntou Marcio Mattos (violoncelo), em um encontro fundamental para o rumo que a música improvisada tomaria no país.
39- Los Ogros del Swing? (2007 - Chile)
Los Ogros del Swing
Mystic Chant Recordz ouça/listen
Comandado pelo saxofonista Diego Manuschevich e seu irmão baterista Hugo, que vinham experimentando com o free em diferentes grupos desde o início dos anos 2000, este septeto deixou forte marca na cena chilena. Contando com vários sopros – Alfredo Abarzúa (clarinete), Cristian Gallardo (sax) e Marcelo Maldonado (trombone) –, apresenta um free jazz maduro, com muita imaginação e intensos improvisos. Seu álbum seguinte contaria com a participação do saxofonista Elliot Levin.40- The Perfume Comes Before The Flower (2007 - Brasil)
Alípio C. Neto
Clean Feed ouça/listen
O saxofonista pernambucano Alípio C. Neto tinha se mudado do Brasil (vive hoje na Itália) quando gravou este fino álbum de free jazz. Junto a ele estavam os conhecidos Ken Filiano (baixo) e Herb Robertson (trompete), com Mike Thompson na bateria. Independentemente de estar ao lado apenas de músicos estrangeiros, este parece ser o disco mais pessoal de Alípio, que parte de suas composições (a destacar "The Pure Experience/Sertão") para adentrar sem amarras a improvisação.41- Maquinazen (2008 - Argentina)
Luis Conde/ Adrian Fanello
Noseso Records ouça/listen
Neste registro do duo formado pelo saxofonista Luis Conde e o baixista Adrian Fanello, vemos free impro de altíssimo nível técnico e criativo. A escolha nada óbvia do arsenal por Conde é importante: ele toca sax barítono, clarinete-baixo e sakunachi, oferecendo possibilidades timbrísticas inesperadas, que resultam em densas sonoridades quando combinadas ao baixo de Fanello. Entre reflexivo e intenso, um potente duo que infelizmente deixou apenas este álbum.42- Aeolico (2010 - Peru)
Manongo Mujica
Independente ouça/listen
Em atividade desde os anos 70, o percussionista Manongo Mujica é um dos mais antigos free improvisers do Peru. O músico fez parte do histórico quarteto "Perujazz", que na década de 80 uniu jazz contemporâneo à música popular de seu país. Nesta gravação em duo, Mujica se une ao pianista Mariano Zuzunaga para explorar nove temas, tendo como norte sua concepção de "free impro ritualístico", marcado por elementos, sonoros e espirituais, da cultura popular.43- Una Casa / Observatorio (2010 - Chile/Argentina)
Edén Carrasco/ Leonel Kaplan/ Kurzmann
Jardinista!recs ouça/listen
Dois dos mais inventivos nomes do free impro latino-americano, o saxofonista chileno Edén Carrasco e o trompetista argentino Leonel Kaplan, se unem ao austríaco (então radicado na Argentina) Christof Kurzmann. As duas extensas sessões de improvisação livre foram captadas uma em Buenos Aires ("Una Casa") e outra em Santiago ("Observatorio"), trazendo uma música de muitas variações climáticas, que vai de pontos letárgicos a passagens estridentes.44- Bogotá Orquesta de Improvisadores (2011 - Colômbia)
Bogotá Orquesta de Improvisadores – B.O.I.
Independente ouça/listen
Nascida uma década atrás, inspirada em projetos como o ICP, a Bogotá Orquesta de Improvisadores se propõe a explorar as vias da improvisação livre e dirigida. Sua formação mutante, que se adapta à gig programada, busca reunir improvisadores de diferentes escolas. Tendo em um de seus principais condutores hoje Rodolfo Acosta R., a B.O.I. é um projeto focado na criação ao vivo. Talvez por isso careça de discos oficiais, que permitam uma divulgação maior do importante trabalho no exterior.45- MarginalS (2011 - Brasil)
MarginalS
Independente ouça/listen
O trio MarginalS fez bastante barulho, especialmente na noite paulistana, quando surgiu. Formado pelo saxofonista mineiro Thiago França, o baterista Tony Gordin e o baixista Marcelo Cabral, o trio mostra nesta estreia já toda a liberdade com que adentrava o universo jazzístico, com o foco na improvisação e certa atitude rock. Após alguns trabalhos, acabou interrompendo as atividades, com seus integrantes se envolvendo com outros projetos.46- Cátedra (2011 - México)
Generación Espontánea
Ápice ouça/listen
Coletivo seminal da free improvisation mexicana, o Generación Espontánea (GE) surgiu em 2006 e se mantém ativo. Apesar de alterações com o tempo, conta em seu núcleo com Ramón del Buey (clarinete baixo), Wilfrido Terrazas (flauta), Carlos Alegre (violino), Dario Bernal-Villegas (percussão), Natalia Pérez Turner (violoncelo), Fernando Vigueras (guitarra), dentre outros. Autodenominada "anti-banda de improvisação livre", a GE apresenta uma música complexa que deve ter grande impacto ao vivo.47- La Continuidad (2011 - Argentina)
Ada Rave Cuarteto
PAI ouça/listen
A saxofonista Ada Rave alcançou seu melhor em sua primeira fase, antes de se mudar para a Holanda, neste álbum. Comandando um quarteto que trazia o baixista Martín de Lassaletta, o guitarrista Wenchi Lazo e o baterista Martín López Grande, apresenta nove faixas, entre temas seus, muita improvisação livre e uma releitura de “Out To Lunch”. Da explosiva “Tomatelo con Soda” à mais abstrata “El Tono y la Ética Braxtono”, um disco onde Rave mostra toda sua força criativa.
48- Improvisações - Vol. 3 (2011 - Brasil)
FLAC
ZBD Records ouça/listen
O duo FLAC é uma das vozes mais potentes a surgir na cena brasileira na última década. Vindos do ABC paulista, Flavio Lazzarin (bateria) e André Calixto (saxes) usaram esse clássico formato para explorar profundamente as vias da improvisação mais livre. Neste Vol. 3, o duo mostra talvez o seu melhor, em faixas que vão de cascatas explosivas e intensos ataques a passagens de quase-silêncio, com Calixto testando inventivamente diferentes sopros (tenor, alto, flauta, clarinete).49- Chocolate Smoke Gang (2012 - México)
Chocolate Smoke Gang
Jazzbook ouça/listen
Tendo à frente o baixista Carlos "Malcisne" Maldonado, o octeto Chocolate Smoke Gang reúne instrumentistas mexicanos de diferentes gerações, do mais jovem Gustavo Nandayapa (bateria) ao veterano Remi Álvarez (sax). Com dois baixos e duas baterias, mais piano e sopros, o Chocolate Smoke Gang tem o free jazz de meados dos anos 60 como referência, trabalhando a improvisação, por vezes arisca, a partir de temas compostos por Maldonado.
50- Honorável Harakiri (2013 - Brasil)
Honorável Harakiri
Mansarda Records ouça/listen
Porto Alegre tem apresentado uma interessante cena free impro, especialmente na última década. E o selo Mansarda Records é um dos que têm registrado o que tem acontecido por lá, tendo já editado dezenas de discos. Diego Dias (sax, clarinete) é um dos mais ativos dessa cena e, dentre diferentes projetos, teve no trio Honorável Harakiri, ao lado de Marcio Moraes (guitarra) e Michel Munhoz (bateria), alguns de seus momentos mais energy, sem concessões.51- Serie Grafica - Equilibrios Colapsados (2014 - Argentina)
Miguel Crozzoli
Kuai Music ouça/listen
O sax tenor Miguel Crozzoli tem desenvolvido uma série de projetos na última década. Além do free jazz e do free impro, tem explorado composições complexas, como as dessa Serie Grafica, na qual parte de notações gráficas para explorar a improvisação coletiva. Para este capítulo, convocou Emma Famin (sax alto), Santiago Leibson (piano), Francisco Slepoy (guitarra) e Fran Cossavella (bateria). Em cinco partes, uma obra de grande inventividade para ser ouvida sem pausas.52- 07.06.2014 (2014 - Peru)
Trío Nuna
Buh Records ouça/listen
Formado por Teté Leguía (baixo elétrico), Marco Mazzini (clarinete) e Pedro Fukuda (bateria), o Trío Nuna é um interessante testemunho da atual free music feita em Lima. As diferentes estradas dos músicos ajudam a enriquecer o resultado: enquanto Leguía tem história no rock e no experimental, Mazzini é músico com formação em conservatório e conhecido clarinetista de música erudita. Desse encontro de diferentes perspectivas improvisativas sai uma música de elevada tensão.53- Ground 0 (2014 - Argentina)
Adriana De Los Santos
Independente ouça/listen
Vinda da cena erudita contemporânea, Adriana De Los Santos tem construído uma trajetória consistente desde meados dos anos 80. Infelizmente a música que tem produzido é difícil de ser encontrada em discos. A pianista de Entre Ríos se reuniu neste fino exemplar a músicos de diferentes perfis e gerações para duos de free impro captados entre 2011 e 2014. Ao lado de nomes como Guillermo Gregorio, Mono Hurtado e Sam Nacht, apresenta oito peças de complexidade desafiadora.54- Vaso (2015 - Brasil)
Felipe Zenícola/ Cadu Tenório/ Dantas/ Zhemchuzhnikov
QTV Label ouça/listen
A cena free impro carioca ganhou força na última década, sendo inegável a importância do espaço Audio Rebel (onde este álbum foi captado) neste processo. Um potente exemplar fruto dessa cena é este quarteto, Vaso, que uniu Felipe Zenícola (baixo elétrico), Cadu Tenório (eletrônicos, objetos, viola), Paulo Dantas (sax) e Alexander Zhemchuzhnikov (saxofonista russo radicado no Rio). Do encontro saíram três extensas peças, bastante climáticas e com pontos de maior ruidosidade.55- Cada Fuego Es El Primero (2015 - Argentina)
Nico Chientaroli
Creative Sources ouça/listen
O pianista Nico Chientaroli apareceu na cena de Buenos Aires com seu trio, com sotaque jazzístico mais marcado, lá para 2006. Com os anos, foi adentrando cada vez mais a free improvisation, o que inclusive acabou o levando a se mudar para Amsterdã. Neste seu primeiro álbum solista, Chientaroli mostra toda sua inventividade, destilando seis temas nos quais explora técnicas estendidas e faz do piano um campo de investigação sonora com resultados desafiadores.56- Pájaros y Perros (2015 - Chile)
Quilombo Expontáneo
Acefalo Records ouça/listen
Este é um registro de grande valor histórico. O Quilombo Expontáneo foi um projeto criado pelos chilenos Lukax Santana (percussão) e Miguel Campusano, ao lado do local Paul Moss, quando estavam exilados em Londres nos anos 80. Juntando free impro a sonoridades da música popular, tocavam nas ruas, tendo suas experiências primeiras registradas apenas nos K7s que vendiam. Após duas décadas sem tocarem juntos, os músicos se reencontraram em Valparaíso para uma apresentação, que resultou neste álbum.
57- Sol[os] (2015 - Brasil)
Marcio Mattos
Emanem
O baixista carioca Marcio Mattos é o pioneiro da free improvisation no Brasil, tendo começado a adentrar esse universo no fim dos anos 60. No início da década seguinte, se mudou para Londres, onde não tardou a se envolver com a cena local, entrando para o seminal SME e para os grupos de Eddie Prévost e Elton Dean. Neste primeiro álbum solista, onde toca baixo e violoncelo, foram reunidas peças do fim dos anos 90 a 2010, em amplo (e obrigatório) painel de sua arte improvisativa.58- Anfitrión (2015 - Argentina)
SLD Trio
Nendo Dango ouça/listen
Formado em meados de 2013 em Buenos Aires, o SLD Trio apresenta três nomes fundamentais da cena contemporânea argentina: Paula Shocron (piano), Germán Lamonega (baixo) e Pablo Díaz (bateria). Trabalhando a partir de temas próprios, tem criado uma música de elevada inventividade, com a improvisação livre no centro de desenvolvimento da obra. Já com o disco seguinte editado pelo Hat Hut, estão mais do que prontos para ganhar destaque internacional.59- Vida Fácil (2016 - Brasil)
Otis Trio 8
Independente ouça/listen
O trio criado em meados dos anos 2000 no ABC paulista por Luiz Galvão (guitarra), João Ciriaco (baixo) e Flávio Lazzarin (bateria) mostra em Vida Fácil sua proposta mais ousada. Para tanto, ampliou sua formação convocando Beto Montag (vibrafone) e uma sessão de sopros com André Calixto, Richard Firmino, Amilcar Rodrigues e Bio Bonato. Com a improvisação tendo relevância central no processo, o octeto oferece uma música vibrante marcada por muitas ondulações de intensidade e sentido.60- Temporal (2016 - Uruguai/Argentina/Colômbia)
Cuarteto Instantáneo
Independente ouça/listen
Buenos Aires se revela um destacado ponto de encontro do free latino-americano. Este Cuarteto Instantáneo ilustra bem isso. Gestado na capital argentina, o projeto é comandado pelo baixista Guillermo Roldán, nascido no Uruguai, ao lado da pianista colombiana Tatiana Castro Mejía e os locais Francisco Salgado (trombone) e Enrique Norris (corneta). Em uma criação coletiva bastante detalhística e centrada, a música do grupo vai de pontos introspectivos a intensidade mais marcada.
61- En Muerto (2017 - Equador)
Don Bolo
Independente ouça/listen
Mais próximo da energia do jazzcore, este jovem quinteto vem de Guayaquil. Com peças que não renegam a herança rock, exploram temas que costumam crescer em força, em meio a um baixo muito grooveado, normalmente desembocando em solos mais ariscos de sax. O grupo, liderado pelo saxofonista Luis Sigüenza (alto, envolvido com diferentes projetos jazzísticos), conta com Emilio Montenegro (baixo), Pedro Naranjo (sax barítono), Javier Vera (teclado) e José Hernandez (bateria).62- Pulsations I (2017 - Panamá)
Aquiles Navarro / Miguel Ortiz
Neurosis Divina ouça/listen
Morador do Harlem (NY), o trompetista Aquiles Navarro (do festejado quinteto Irreversible Entanglements) nunca abandonou suas raízes panamenhas. Em retornos ao país da América Central, mantém parcerias como esta, com o percussionista local Miguel Ortiz. Esse duo foi captado em Panamá City e editado por um selo local dedicado à música experimental. Além do núcleo trompete-bateria, os dois improvisam com um moog, criando efeitos climáticos variados.63- Imaga Mondo (2017 - Venezuela)
Leonor Falcón
Falcon Gumba ouça/listen
A violinista venezuelana Leonor Falcón reuniu um interessante grupo para seu álbum de estreia: o guitarrista Juanma Trujillo (seu conterrâneo), o baterista Juan Pablo Carletti (argentino) e o veterano Christof Knoche no clarinete-baixo. Ex-membro da Orquestra Sinfónica de Venezuela, Falcón tem investido mais no campo do free jazz/impro e mostra uma música de grande maturidade expressiva. Neste seu debute, apresenta um trabalho livremente inspirado em criaturas mitológicas e fábulas.64- Cub(an)ism (2017 - Cuba)
Aruán Ortiz
Intakt Records ouça/listen
O pianista cubano Aruán Ortiz tem desenvolvido um trabalho jazzístico que cada vez mais tem adentrado as fileiras do free. Nascido em 1973 em Santiago de Cuba, foi para a Espanha nos anos 90 e vive hoje no Brooklyn nova-iorquino. Registro em piano solo, este Cub(an)ism mostra Ortiz no auge da maturidade e da inventividade, apresentando uma sonoridade própria e muito livre, mas sem ignorar suas raízes cubanas e seu percurso no jazz. Cuba e cubismo entrelaçados em uma viagem cheia de lirismo quebradiço.65- Akuanduba (2017 - Uruguai/Brasil)
Lisbon String Trio & Luiz Rocha
Creative Sources ouça/listen
O Lisbon String Trio é um grupo formado pelo baixista uruguaio Álvaro Rosso ao lado dos portugueses Ernesto Rodrigues (viola) e Miguel Mira (violoncelo) que apresenta um free impro camerístico. Neste registro, se juntou a eles o clarinetista de Brasília, radicado em Barcelona, Luiz Rocha. Rosso, após se formar na Escuela Universitaria de Musica de Montevidéu, foi à Europa em busca de uma cena que acolhesse suas ideias – rumo também tomado por Rocha. Um incomum encontro Uruguai-Portugal- Brasil.66- Sizigias (2017 - Chile)
Amanda Irarrázabal / Ramiro Molina
Independente ouça/listen
Amanda Irarrázabal (contrabaixo) e Ramiro Molina (guitarra) formaram o Cátodo Dúo há cerca de uma década. Irarrázabal é uma forte voz nas linhagens mais experimentais do baixo contemporâneo, tendo já levado sua arte a parcerias com diferentes músicos da AL. Neste Sizigias, com o duo já há alguns anos em atividade, alcançam seu melhor, em uma longa sessão de free impro editada em álbum duplo. Em meio à ruidosa improvisação livre que marca sua sonoridade, uma excitante experiência.67- Oxyoquet - El Volcán Silencioso ( 2017 - México)
Milo Tamez
Amirani Records ouça/listen
O baterista mexicano Milo Tamez (do Estamos Trio) tem desenvolvido desde a década de 90 uma profunda exploração do aparato percussivo. Pesquisador, improvisador e educador, foi ampliando progressivamente as possibilidades do kit-bateria, trazendo elementos novos e adicionando possibilidades timbrísticas complexas até chegar ao que chama de "extended-prepared drum set-percussion". Este álbum é uma síntese de seu trabalho, trazendo seis complexas peças solistas.68- Hurto Calificado (2017 - Argentina/Colômbia)
Cabeza de Termo
TVL Rec ouça/listen
Cabeza de Termo é um potente grupo que uniu o baixista colombiano Carlos Quebrada a um forte time argentino, com Pablo Moser e Lucas Goicoechea (saxes), Marino Cepeda (guitarra) e Andrés Elstein (bateria). Free jazz de grande potência, com atitude rock e temas bens construídos que servem de base para feroz improvisação coletiva. Neste registro de estreia apresentam 11 temas, relativamente breves, mas de intensidade direta e envolvente.
69- Radio Diaspora 2 (2017 - Brasil)
Radio Diaspora
Sê-lo ouça/listen
O Radio Diaspora é um projeto criado por Romulo Alexis (trompete) e Wagner Ramos (bateria). Com a proposta de se debruçar sobre o reservatório cultural e sonoro produzido na diáspora africana, parte de uma base free jazzística e improvisativa para criar uma experiência sonora de amplo alcance. Neste seu segundo registro, a trompete e bateria são adicionadas possibilidades outras a partir de elementos eletrônicos, samplers, criando algo desconcertantemente envolvente.70- Haiti (2017 - Argentina)
Cecilia Quinteros / Sergio Merce/ Marcelo von Schultz
Independente ouça/listen
Haiti é um potente trio de Buenos Aires formado por Cecilia Quinteros (violoncelo), Sergio Merce (sax tenor) e Marcelo von Schultz (bateria), três figuras que têm participado de importantes projetos na cena local (no caso de Merce, desde meados dos anos 90). Quinteros, que está em seu melhor aqui, é vital para a potência da sonoridade do trio. Em dois temas, há a participação do suíço Christoph Gallio (sax), que estava de passagem pela Argentina quando a gravação ocorreu.71- Paquito Libre (2018 - Uruguai/Cuba)
Volcano Radar
Delmark Records ouça/listen
Elbio Barilari, nascido em Montevidéu em 1953, é um pioneiro do free na região; infelizmente não se acham registros seus mais antigos. O multi-instrumentista (sax, trompete, guitarra, viola) uruguaio procurou novos ares nos anos 90 e acabou em Chicago, onde vive. Com o duo de free impro Volcano Radar, ao lado da guitarrista Julia Miller, fez este registro com participação (e em homenagem) do saxofonista cubano Paquito D’Rivera – aqui em voltagem libre como poucas vezes.72- En Tránsito (2018 - Colômbia)
Ricardo Gallo Cuarteto
Independente ouça/listen
Com uma carreira que começou a ganhar maior impulso lá para 2005, Ricardo Gallo é hoje provavelmente o músico mais destacado do avant-jazz colombiano. Com gravações com figuras do porte de Peter Evans e discos editados por selos como Clean Feed, o pianista de Bogotá está em vários projetos, sendo este o mais ativo. Ao lado de Juan Manuel Toro (baixo), Jorge Sepúlveda (bateria) e Juan David Castaño (percussão), alcança aqui seu melhor, com um free jazz que não ignora cores locais.73- Pirate Songs (2018 - México)
Wilfrido Terrazas Sea Quintet
Ápice ouça/listen
O flautista Wilfrido Terrazas é uma das vozes mais prolíficas da free music mexicana. Um dos criadores do influente grupo de improvisação livre Generación Espontánea, Terrazas mostra com este quinteto que também tem potentes ideias na seara free jazzística. Para o projeto chamou Ivan Trujillo (trompete), José Fernando Solares (saxes), Edwin Roldán (guitarra) e Abraham Lizardo (bateria). O disco traz oito temas bens construídos e com muito espaço para intensas improvisações.74- Acero (2018 - Argentina)
Violeta García
TVL Rec ouça/listen
A violoncelista e improvisadora Violeta García é uma das artistas mais intensas da cena de Buenos Aires atual. Tendo estudado violoncelo clássico, também trabalhou com música popular e rock, e tem se firmado como uma potente voz na free music. Participando de diferentes projetos, faz em Acero seu debute em versão solista. Em nove temas, apresenta a amplitude da sonoridade que tem desenvolvido, utilizando técnicas estendidas e se mostrando uma sólida e criativa instrumentista.75- Sublunary Minds (2019 - Costa Rica)
Kenneth Jimenez
Irázu Records ouça/listen
Kenneth Jimenez é um baixista da Costa Rica que tem adentrado de forma mais focada o universo do free nos últimos anos. Vivendo agora em NY, seu mais recente projeto é um quarteto ao lado de Angelica Sanchez e Gerald Cleaver. Neste disco de estreia de seu trio Sublunary Minds, Jimenez é acompanhado por Jim Gasior (piano) e John Yarling (bateria), trazendo de elegantes improvisações coletivas a partir de composições suas a temas mais experimentais.76- Psychogeography, An Improvisational Derive (2019 - Brasil)
Marco Scarassatti/ Paulo Hartmann/ Gianfratti/ Yoshihide
Not Two Records ouça/listen
O lendário artista japonês Otomo Yoshihide realizou sua primeira turnê latino-americana em 2017, indo a Argentina, Chile e México. No Brasil, se apresentou com músicos locais e deixou este álbum, gravado no Improfest (SP). Ao lado de Yoshihide, vemos aqui três experimentados nomes da cena brasileira: Marco Scarassatti (viola de choco), Paulo Hartmann (guitarra) e Panda Gianfratti (percussão), em improvisação coletiva de elevado nível, entre timbres inusitados e técnicas inusuais.77- Cihuatl (2019 - México)
Ana Ruiz/ Adriana Camacho/ Graue/ Maldonado/ Artita
Independente ouça/listen
A pioneira pianista Ana Ruiz, uma das primeiras vozes do free jazz no México, tem infelizmente uma carreira muito pouco documentada, considerando que está na ativa desde os anos 70, quando montou o grupo Atrás Del Cosmos. Neste novo quinteto feminino, a pianista se une a instrumentistas de gerações mais jovens em encontro de viva improvisação livre, com Adriana Camacho (baixo), Maricarmen Graue (violoncelo), Alina Maldonado (violino) e Alda Artita (guitarra).78- La Mole (2019 - Chile)
Benjamin Vergara
Independente ouça/listen
Trompetista baseado na cidade de Valdivia, Benjamin Vergara tem no currículo gravações com nomes como Fred Frith e Fred Longberg-Holm, além de desenvolver sua música ao lado de parceiros chilenos. Em La Mole, o vemos em registro solista (com muita técnica e inventividade envolvidas), parte de um projeto que começou a desenvolver em 2017 a partir de improvisações e experimentações sonoras feitas em uma antiga fábrica abandonada.79- La Vigilia De Las Flores (2019 - Colômbia)
Los Toscos + Brötzmann
matik-matik/In-Correcto ouça/listen
Los Toscos é um dos diferentes projetos da cena colombiana que unem Kike Mendoza (guitarra) e Santiago Botero (baixo). O Los Toscos costuma receber convidados e aconteceu de, em maio de 2017, aproveitando sua passagem por Bogotá, gravarem com o lendário Peter Brötzmann (no que parece ser o único disco de músicos da AL com o saxofonista alemão). O grupo conta ainda com o baterista Mauricio Ramírez e o percussionista Urián Sarmiento.
80- DDaGG (2020 - Equador/Argentina)
Ana González Gamboa/ Dario Dolci
Independente ouça/listen
A violoncelista equatoriana Ana González Gamboa é uma das vozes jovens que merece ter os passos acompanhados. Nascida na cidade de Ambato, no centro do Equador, Gamboa vive no momento em Buenos Aires. Depois de um prometedor disco solo (“Composiciones para un violoncello”), a instrumentista se uniu ao experiente saxofonista argentino Dario Dolci para criar esse expressivo duo de free impro, em um curto EP que nos deixa à espera dos novos capítulos.81- El Suelo Mio (2020 - Peru)
Jorge Roeder
Independente ouça/listen
Muitos viram o baixista peruano Jorge Roeder em ação no Brasil há não muito tempo: ele é um dos integrantes do quarteto New Masada, de John Zorn. Desenvolvendo seus projetos pessoais, Roeder chega a este seu primeiro disco para baixo acústico solo. Entre composições próprias e muita improvisação, há uma dolorida releitura (com o arco usado com precisão) do clássico “Lonely Woman”, de Ornette Coleman.82- Caixa Preta - Vol.1 (2020 - Brasil)
SPIO
Sê-lo ouça/listen
A SPIO (São Paulo Improvisadores em Orquestra) começou a ser organizada em 2011 e desde então tem sido um espaço de encontro e experimentação para uma infinidade de músicos. Tendo a improvisação livre e dirigida como guia, a SPIO tem unido improvisadores de diferentes escolas. Sob a "condução expandida" de Daniel Carrera, a banda fez uma série de concertos (alternando cerca de 30 artistas) na cidade de São Paulo entre 2018 e 2019, que começaram a ser editados com este Vol. 1.
83- Aura (2020 - Argentina)
Camila Nebbia
ears & eyes ouça/listen
Potente voz da cena argentina contemporânea, a saxofonista Camila Nebbia reuniu aqui um jovem time com Ingrid Feniger (sax), Valentin Garvie (trompete), Daniel Bruno (trombone), Juan Bayón (baixo), Violeta García (violoncelo), Mariano Sarra (piano), Damián Bolotín (violino), Axel Filip e Omar Menendez (baterias). Com esta formação, apresenta composições suas em que complexas harmonias, interações improvisativas e texturas marcadas por tensões constroem um conjunto sonoro excitante.84- Maquishti (2021 - México)
Patricia Brennan
Valley of Search ouça/listen
A vibrafonista mexicana Patricia Brennan tem despontado nos últimos anos como uma força criativa em seu instrumento. Depois de gravar com os grupos de Matt Mitchell, Ana Webber e Tomas Fujiwara, a vibrafonista faz esta sua estreia solista. Hoje morando Brooklyn (NY), Brennan realizou a gravação dos 11 temas que apresenta aqui em agosto de 2018. O álbum bem apresenta a complexidade de sua linguagem entre composições suas e peças improvisadas.85- MPT Trio - Vol.1 (2021 - Cuba)
Francisco Mela
577 Records ouça/listen
O baterista cubano Francisco Mela se une ao saxofonista Hery Paz (também de Cuba) e ao guitarrista venezuelano Juanma Trujillo neste novo projeto. "MPT Trio" é resultado de uma parceria que os três músicos, que vivem atualmente em NY, têm desenvolvido nos palcos em anos recentes. Neste registro de estreia, trazem um free jazz com fortes traços da herança latino-americana, como fica bem marcado em temas como "Calipso" e "Suite For Leo Brouwer".*****
-Fotos: Abaetetuba (1) e Ada Rave (2)
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*quem assina:
Fabricio Vieira é jornalista e fez mestrado em Literatura e Crítica Literária. Escreveu sobre jazz para a Folha de S.Paulo por alguns anos; foi ainda correspondente do jornal em Buenos Aires. Colaborou também com publicações como Entre Livros, Zumbido e Jazz.pt. Atualmente escreve sobre música e literatura para o Valor Econômico. É autor de liner notes para os álbuns “Sustain and Run”, de Roscoe Mitchell (Selo Sesc), “The Hour of the Star”, de Ivo Perelman (Leo Records), e “Live in Nuremberg”, de Perelman e Matthew Shipp (SMP Records)