LANÇAMENTOS O incrível trio europeu Full Blast, formado por Peter
Brötzmann, Marino Pliakas e Michael Wertmuller, lança em outubro seu
novo álbum, Rio, captado durante sua última passagem pelo Brasil...
Por Fabricio Vieira
Em 17 de julho de 2016, o Full Blast encerrava no Rio de Janeiro sua turnê
sul-americana, que passou por diferentes lugares no Chile (Valparaiso e
Santiago) e no Brasil (Salvador, Belo Horizonte, Jundiaí e São Paulo). No Rio,
a parada foi na Audio Rebel, onde a apresentação do trio foi registrada e agora
chega aos ouvintes pela Trost Records em parceria com o selo carioca QTV.
O Full Blast foi montado há mais de uma década pelos músicos Peter Brötzmann (sopros), Marino Pliakas (baixo elétrico) e Michael Wertmuller (bateria), tendo realizado seu primeiro registro, que rendeu fulminante álbum homônimo, em fevereiro de 2006. Na discografia oficial do trio aparecem cinco álbuns, afora este novo título e algum bootleg que circula por aí em versão CDR. O último título do grupo que tinha saído era “Risc”, de 2016. O trio tocou no Brasil em duas oportunidades, em 2008 e em 2016, quando gravou este Rio.
O novo álbum traz cinco faixas, todas chamadas de “Rio” (Rio One, Rio Two
etc.), em que a explosiva linguagem do trio, armada por entre sinuosas e
intensas improvisações, aparece de forma bem centrada: são apenas cerca de 40
minutos de música, com os temas mais longos, de 10 minutos cada, fechando o
conjunto. O disco começa já em alta rotação, com Brötzmann ao sax tenor, sem
introdução, desfiando ideias sobre a base percussiva fraturada e de pulsação
acelerada de Wertmuller. O baterista começa solando no segundo tema, o mais
breve com seus quase 6 minutos, abrindo caminho para a entrada fulminante de
baixo (Pliakas tira sons incríveis aqui!) e tárogató, com Brötzmann faiscando,
formando os momentos mais incendiários do registro. “Rio Three” começa mais
climática, densa, com baixo e percussão subindo o tom progressivamente, até, lá
pelos 2 minutos, o clarinete entrar em cena já em alta ebulição, sempre para
cima, até culminar com bateria e baixo intensíssimos fechando o último minuto. Brötzmann
volta ao tenor em “Rio Four”, agora um pouco mais relaxado, tateando um tema durante
o primeiro minuto, antes de sair de cena e deixar o baixo solar sem pressa; o
retorno do sax já perto dos quatro minutos vem com maior ímpeto, acompanhado
pela aceleração do pulso percussivo. “Rio Five”, que fecha o álbum, começa mais
uma vez com a bateria, em breve solo introdutório, acompanhada logo por baixo e
sax, substituído depois pelo tárogató, quando as coisas esquentam de vez, rumo
ao excitante final.
Rio, editado em versão limitada de 500 cópias em vinil, será lançado
oficialmente em 5 de outubro, quando o Full Blast inicia nova turnê, começando
pelo Reino Unido (Ps: parece que o trio desembarca no Brasil novamente em
outubro!).
Rio ****(*)
Full Blast
Trost Records/QTV
-----------
*quem assina:
Fabricio Vieira é jornalista e fez mestrado em Literatura e
Crítica Literária. Escreveu sobre jazz para a Folha de S.Paulo por alguns anos;
foi também correspondente do jornal em Buenos Aires. Atualmente escreve sobre
livros e jazz para o Valor Econômico. E colabora com a revista on-line
portuguesa Jazz.pt. É autor de liner notes para os álbuns “Sustain and Run”, de
Roscoe Mitchell (Selo Sesc), e “The Hour of the Star”, de Ivo Perelman (Leo
Records)