Falar de free music em Portugal e não colocar em primeiro
plano o nome do violinista Carlos Zíngaro é falha imperdoável. Figura basilar da
improvisação livre em seu país, Zíngaro está no Brasil e se apresenta nos
próximos dias em São Paulo. Oportunidade única para ver em ação um dos artistas
fundamentais da música livre contemporânea europeia.
Carlos Zíngaro (Lisboa, 1948) primeiramente estudou violino em
conservatório, logo se interessando pelas expressões mais arriscadas da música.
Com menos de 20 anos de idade, ajudou a formar a seminal banda “Plexus” que, de
uma base rock/psicodélico, se aventurava por elementos experimentais vários. O
Plexus, que lançou apenas um EP oficial, sobreviveria por alguns anos – mas a
década de 1970 reservava outros rumos para o violinista.
Cada vez mais ligado à
free improvisation, começou a ter contato e, aos poucos, tocar com músicos
estrangeiros dessa seara. No festival de Willisau (Suíça), em 75 e 76, conhece
Steve Lacy, Peter Kowald e aquele que seria um importante colaborador nos anos
seguintes, o baixista Kent Carter. Depois, em 79, o violinista consegue uma
bolsa e segue para os Estados Unidos, passando alguns meses em Nova York, onde tem
a oportunidade de se aproximar de gente como Anthony Braxton, Leo Smith, um
jovem John Zorn e Richard Teitelbaum, com quem manteria longa parceria.
Em entrevista ao site Body Space, o músico falou sobre esse
mergulho inicial na free improvisation: “Foram estas tão diferentes realidades,
aonde ninguém me inquiria sobre que clubes frequentava ou em que escola teria
andado, apenas acreditando no que tocava, fazendo-me integrado no meio, eu que,
até então, me sentira um constante excluído, inadaptado no meu país, que me
convenceram de que, afinal, eu até estaria no caminho correcto. Que as opções
estéticas assumidas afinal nem eram aberrações nem derivações masturbatórias...”
Nas décadas seguintes, Zíngaro se tornaria referência central do violino na cena free internacional, tendo registrado sua arte em algumas dezenas de álbuns. Dentre os trabalhos mais recentes, vale destacar “Sudo Quartet-Live at Banlieue Bleue” (NoBusiness
Records, 2012), gravado ao lado de Joelle Léandre, Paul Lovens e Sebi
Tramontana.
Zíngaro desembarcou no Brasil junto a outros músicos
portugueses no começo deste mês. Nos últimos dias, estiveram em Minas Gerais, onde
participaram do “Encontro de Costas: a música improvisada de Portugal e Brasil”,
realizado na UFMG. Parte do grupo chega hoje a São Paulo, onde Zíngaro
realizará um workshop e se apresentará.
No Centro Cultural São Paulo/CCSP (sábado), Zíngaro toca ao lado dos também portugueses João Pedro Viegas (clarinete e clarone) e Abdul Moimême (guitarra). Na sexta, este trio se une aos brasileiros Bernardo Barros (eletrônica ao vivo), Márcio Gibson (bateria) e Mário Del Nunzio (guitarra) para apresentação no Ibrasotope.
No Centro Cultural São Paulo/CCSP (sábado), Zíngaro toca ao lado dos também portugueses João Pedro Viegas (clarinete e clarone) e Abdul Moimême (guitarra). Na sexta, este trio se une aos brasileiros Bernardo Barros (eletrônica ao vivo), Márcio Gibson (bateria) e Mário Del Nunzio (guitarra) para apresentação no Ibrasotope.
Concerto: Zíngaro/Viegas/Moimême + Gibson/Barros/Nunzio
Quando: 7/3 (sex), às 21h
Onde: Ibrasotope / SP
Quanto: R$ 10 (valor sugerido)
Workshop com Carlos Zíngaro
Quando: 8/3 (sab), das 13h às 16h
Onde: CCSP / SP
Quanto: grátis
Concerto: Zíngaro/Viegas/Moimême
Quando: 8/3 (sab), às 19h
Onde: CCSP / SP
Quanto: grátis