Se não bastasse a inédita vinda do The Thing, o power trio escandinavo ainda vai trazer junto um convidado especialíssimo: Joe McPhee. O saxofonista é o parceiro mais antigo do trio, tendo participado já do segundo disco do grupo, “She Knows...”, de 2001. Ele também fez parte do projeto do The Thing junto ao Cato Salsa Experience que, não à toa, recebeu o nome de “Two Bands and a Legend”. Em anos recentes, McPhee, 73, voltou a excursionar com maior assiduidade com os caras do The Thing. E é essa parceria que veremos na próxima semana em SP.
O saxofonista americano, nascido em Miami, Florida, em 1939, deu
início à sua história musical ainda na década de 1960; a primeira aparição em
disco ocorreu em 67, tocando trompete no álbum “Freedom and Unity”, de Clifford
Thornton. Apesar do sax tenor ter se tornado seu veículo central, McPhee
começou com o trompete, no qual foi iniciado aos oito anos de idade,
permanecendo fiel ao instrumento até a fase adulta. Ele assumiria o sax tenor
apenas quando já contava com uns 27, 28 anos... Hoje, toca bastante também
pocket trumpet, além de ter registros nos saxes alto e soprano.
Mas foi como tenorista que McPhee faz sua carreira deslanchar na década de 70. “Nation Time”, captado em dezembro de 1970, se tornou seu primeiro clássico. Nesse álbum, o saxofonista incorporou elementos de funk e soul à sua peculiar visada free. Logo depois viria “Black Magic Man”, seu trabalho mais cruamente free jazzístico do período, que seria lançado em 75 pelo então novo selo suíço Hat Hut, responsável pela edição de seus álbuns até a década seguinte. Dessa época, datam os fundamentais “The Willisau Concert” e “Tenor”, seu primeiro disco solo. A discografia de McPhee nos anos 70 mostra que o músico não estava interessado apenas em fazer energy music. Investigações de diferentes naturezas, como o diálogo com sonoridades eletrificadas (sintetizadores, piano e baixo elétricos: mas nada a ver com o fusion da época), marcam sua obra. Nesse tempo, McPhee pouco trabalhou com músicos dentre os mais conhecidos da cena free. O pianista Mike Kull e o baterista Harold E. Smith foram os parceiros mais constantes naqueles tempos inicias. Depois, com suas longas passagens pela Europa, se ligou a nomes como os franceses Raymond Boni e André Jaume.
A entrada nos anos de 1980 trouxe outras vias de exploração para o instrumentista.
A associação com a compositora Pauline Oliveros e seu "Deep Listening" é um
dos pontos importantes para sua obra no período, ao lado da descoberta do trabalho do Dr. Edward de Bono, autor
de livros como “Word Power”. A filosofia do Dr. Bono tinha em sua matriz a
sílaba “PO”, ligada a palavras como positive, possible, poetic. “PO” seria uma
nova forma de compreender e encarar o mundo, além da simples dualidade do
‘sim/não’ que rege o cotidiano. Inspirado por tais conceitos, McPhee começou a
fazer o que chamava de “PO Music”; da época, ficaram registros como “Topology”
(81), “Oleo” (82) e “Linear B” (89). Após um período menos intenso, uma nova etapa
empolgante nasceria com os anos 90, quando a geração mais jovem (a destacar Mats Gustafsson e Ken Vandermark nesse processo) o redescobriu,
colocando-o no centro da cena.
Em sua discografia, especialmente a mais recente, o saxofonista tem demonstrado
o apreço que desenvolveu pelo formato duo, tendo feito registros em duetos com Evan
Parker, Ingebrigt Haker-Flaten, Mat Maneri, Joe Giardullo, Jeb Bishop, Daunik
Lazro, Michael Bisio, Hamid Drake, Dominic Duval, Paal Nilssen-Love, Chris
Corsano, Ivo Perelman (ainda inédito) e outros mais. Envolvido em vários
projetos e parcerias (merece atenção especial o "Trio X", com Jay Rosen e Duval), McPhee é um
dos mais vivos e ativos ícones da música livre que surgiram nos anos 60/70. Por
tudo isso, os concertos do The Thing com Joe McPhee na próxima semana são, sem titubear,
imperdíveis.
Em sua trajetória, Joe McPhee também deu espaço interessante
ao formato solístico. Multi-instrumentista, tem registros solos ao
tenor, soprano, corneta, trompete e até percussão. Em sua discografia, as
incursões solistas estão espalhadas por diversos capítulos de épocas variadas: “Graphics” (78), “Variations
On A Blue Line” (79), “As Serious As Your Life” (96), “Soprano” (98), “Everything
Happens For A Reason” (2005), “Alto” (2009).
Uma de suas primeiras investidas nesse campo foi editada
ainda nos anos 1970, pelo selo Hat Hut. Como diz o nome do álbum, Tenor,
aqui o instrumentista está concentrado no sax tenor, improvisando sobre alguns
temas próprios – o mais tocante do conjunto: “Sweet Dragon”. McPhee não é
músico de fúria incontida, como atesta este álbum, imprimindo inegável lirismo em suas improvisações. Tenor é uma expressiva introdução a seu universo.
A1 Knox
A2 Good-Bye Tom BA3 Sweet Dragon
B Tenor
Recorded at September 1st and 2nd 1976 at Michael Overhage’s
farmhouse in Adlemsried, Switzerland.
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THE THING & JOE McPHEE"
Quando: 26/6 (qua), às 20h30
Onde: Sesc Ribeirão Preto (SP)
Quanto: de R$ 2,50 a R$ 10
Onde: Sesc Ribeirão Preto (SP)
Quanto: de R$ 2,50 a R$ 10
Quando: 27/6 (qui), às 21h
Onde: Sesc Santos (SP)
Onde: Sesc Santos (SP)
Quanto: de R$ 4 a R$ 16
Quando: 28/6 (sex), às 20h
Onde: Sesc Araraquara (SP)
Quanto: grátis
Quando: 29/6 (sab), às 21h30
Onde: Sesc Belenzinho (SP)
Quanto: de R$ 6 a R$ 24