“Free music
is an art form that has been made by individuals who operated without regard
for critical or institutional approval, who invented the way they play their
instruments and invented platforms on which to play music, based on
whatever aesthetic value they thought mattered to them.” (Joe Morris)
Joe Morris provavelmente seja o mais inquietante guitarrista
em atividade, herdeiro de uma nobre linhagem de free improvisers iniciada por
Derek Bailey e completada por figuras tão distintas e fundamentais quanto Sonny
Sharrock e Masayuki Takayanagi. Esse guitarrista americano, nascido em New
Haven, Connecticut, em setembro de 1955, se iniciou no instrumento ainda na
adolescência, época em que foi presenteado pela irmã com uma cópia de OM,
de John Coltrane, por meio do qual descobriria um novo universo sonoro. Apesar
de ter se embrenhado na cena free ainda nos anos 70 e fundado seu próprio selo,
o Riti Records (pelo qual lançou
seu primeiro álbum, 'Wraparound') em 81, Morris apenas passaria a ocupar seu
espaço de fato nos anos 90, período em que gravou uma porção de grandes álbuns
e estabeleceu parcerias com Matthew Shipp, Rob Brown, William Parker, Ivo Perelman
e Mat Maneri.
Apesar de experimentar formações divesas em sua trajetória,
Morris encontrou no trio (com baixo e bateria) um dos veículos de maior potencialidade
para exprimir sua música livre, improvisada no limite, amparada em uma guitarra
bastante limpa, sem expressivos efeitos de pedais e distorções. No formato
trio, gravou grandes discos como “Symbolic Gesture” (93), “Antennae” (97) e “Age of Everything” (2002).
Ver a forma discreta e centrada com que Morris desenvolve
seu dedilhado faz até com que acreditemos, por instantes, que tirar sons tão
ímpares e improváveis das cordas é tarefa fácil. Ilusão passageira. Como ainda
não tivemos a oportunidade de ver Morris empunhando sua guitarra em algum palco
próximo, restanos apreciar imagens disponíveis dele por aí, como desta
apresentação em trio, ao lado do baixista Nate McBride e do baterista Jerome
Dupree, em junho de 1996.
Meia hora de música vital para comprovar a excelência da arte
de Joe Morris.