Daniel Carter não está nem para líder nem para sideman. O negócio desse saxofonista americano é dividir projetos, desenvolver ideias junto a diferentes companheiros. Test (com Sabir Mateen e Tom Bruno), Other Dimensions in Music (William Parker), One World Ensemble (Susie Ibarra) e Tenor Rising Drums Expanding são alguns dos grupos mais bacanas de que participou. Todos esses projetos datam de meados da década de 1990 –importante: Carter nasceu em 1945 e está ativo na cena desde os70s–, período em que sua discografia ganhou verdadeiro impulso.
Dividindo-se entre saxes tenor e alto, trompete e flauta, o músico demonstra não estar fechado para explorações diferenciadas que surgem à sua frente. Foi com esse espírito que abraçou nos anos 90 o Post Prandials, banda de improvisação livre permeada por divagações eletrônicas. Distante do campo jazzístico, o Post Prandials deixou uns quatro álbuns, todos pouco valorizados: é possível encontrar alguns desses discos vendidos em lojas virtuais por menos de US$ 1. Editados pelo minúsculo Artichoke/Tristero Records, os álbuns do Post Prandials parecem relegados ao esquecimento, sendo pouco lembrados pelos entusiastas do free improv. O fato de seus integrantes, com exceção de Carter, não serem figuras vivas da free music colabora para que não costumem ser comentados. A música neste Switched-On Irresponsibility se desenvolve de forma contínua, dividida em oito partes interligadas, tendo sido captada em 1995. Improvisada, recheada de ruídos, detalhes e texturas eletrônicas, essa música se mantém dentro de certo conforto auditivo: não se trata aqui de noise e/ou de abstrações bruscas; tudo flui de modo ondulante, com sons que piscam e desaparecem, mas sem agredir os tímpanos mais sensíveis.
*Daniel Carter: saxes, trumpet, flute
*Keith Nicolay: guitar
*John Burgos, Bob Aaron: keyboards
*John Hajeski: violin, electronics