“The Penguin Guide to Jazz”
*Autores: Richard Cook e Brian Morton
*1.700 pags. (+-)
*Editora: Penguin
*Edições em inglês
Há algum tempo, quando decidi comprar em um saldão da livraria Martins Fontes uma edição do clássico The Penguin Guide to Jazz, não sabia o quanto o cardápio desse suntuoso guia me surpreenderia. O título é muito claro: Guide to Jazz. Mas encontra-se lá também vasta cobertura de nomes variados da free music: Evan Parker, Brotzmann, Phil Minton, Sunny Murray, Peter Kowald, Joe Maneri, Alan Silva, Paal Nilssen-Love –Derek Bailey tem seis páginas dedicadas à sua obra –, todos contemplados com resenhas de seus álbuns, dividindo espaços com Louis Armstrong, Coleman Hawkins e Wynton Marsalis. Na introdução, os autores dizem que a free music trouxe um problema para as classificações quando o tema é jazz. Mas que, considerando que as conexões entre improvised music e jazz são indiscutíveis, não viram motivos para serem preconceituosos e deixarem a free music de fora. O livro aborda, em sequencia alfabética de músicos, as diferentes faces sonoras oriundas do jazz, em todas suas vertentes, apresentando pequenas fichas e críticas de cada álbum selecionado.
Penso que a leitura aberta proposta pelo livro em muito pode ser compreendida pelo fato de seus autores serem dois críticos britânicos, Richard Cook (1957-2007) e Brian Morton (1954), bons conhecedores da cena free europeia e distantes de puritanismos estéreis. A trajetória deles indica bem seus gostos e rumos: Cook editou periódicos como New Musical Express (NME) e The Wire; Morton contribuiu muito com a Jazz Review e comandou por longos anos um programa de jazz contemporâneo e improvised music na Radio 3 (ligada à BBC).
A história do The Penguin Guide to Jazz começa em 1992, quando é editado pela primeira vez. Periodicamente, o mercado recebeu uma nova versão, revista e ampliada (as mais recentes alcançam as 1.700 páginas), do guia. Em 2008, pouco após a morte de Cook, surge a nona e última edição publicada. Em dezembro de 2010, Morton lançou The Penguin Jazz Guide: The History of the Music in the 1001 Best Albums, que se apresenta como uma versão mais enxuta de seu livro clássico e trouxe uma incógnita: agora, sem seu parceiro de projeto, haverá novas versões do Penguin Guide to Jazz?