Sam Rivers: sete décadas de estrada (II)

Sam Rivers teve nos anos 1970 seus maiores momentos. Mergulhado na seara free e comandando o point mais intenso da época, o Studio RivBea, o saxofonista, já adentrando a esfera dos 50 anos de idade, não desperdiçou mais energia: tocou e gravou insanamente, por vários selos e com grupos variados. Do cool ‘Impulse’ aos menos conhecidos ‘Fluid Records’ e ‘Horo Records’, Rivers liderou vários álbuns naquela década, mais de uma dúzia de lançamentos por selos diversos, nos EUA e na Europa. Dentre esses, alguns de seus mais expressivos trabalhos, como os captados ao lado do The Tuba Trio, “Streams”, “The Quest” e as gravações com Dave Holland.

Uma das preciosas investidas do período abandonada no tempo, nunca relançada, é Paragon. Álbum registrado em abril de 1977, em Paris, Paragon apresenta um trio que traz o saxofonista ao lado de Holland e do baterista Barry Altschul. Rivers se alterna entre tenor, soprano, flauta e piano, uma pitada em cada faixa, exibindo a alta forma e segurança que conduzia suas investidas. Holland toca violoncelo além do baixo e é muito instigante ver o músico britânico testando seus limites, antes de optar por caminhos mais seguros (não que isso deponha contra ele) a partir dos anos 1980. Testemunha de um tempo de força criativa exuberante, Paragon jaz inerte sob a poeira do interesse comercial e do descaso de produtores e gravadoras...







*Sam Rivers: tenor, soprano, flute, piano
*Dave Holland: bass, cello
*Barry Altschul: drums

Recorded April 18, 1977 at Davout Studio, Paris.