Um pouco de K. Vandermark - II

The Vandermark 5 é o grupo de maior longevidade e atividade contínua dentre os diversos projetos de Ken Vandermark. O quinteto surgiu na primavera de 1996 e mantém-se ainda ativo, gravando e excursionando. No período, lançou mais de 15 álbuns –isso sem contar que “Alchemia”, de 2005, é uma caixa composta por 12 discos! Essa discografia teve início com “Single Piece Flow”, gravado em agosto de 1996, chegando ao último “The Horse Jumps and The Ship Is Gone”, captado em junho de 2009 e lançado neste ano.

A formação original do The Vandermark 5 (que também já apareceu grafado em discos como “Vandermark 5” e The Vandermark Five”) era bateria, baixo e três sopros. Hoje, o grupo traz bateria, baixo, violoncelo e dois sopros. A cada disco (e a cada faixa), o quinteto exibe a amplitude de suas influências e referências, fazendo um som que, se tem uma cor própria, oscila bastante: temas mais funkeados, free improv, sabor bluesy, tons pós-bop, pitadas rock: os caminhos para o som do Vandermark 5 são muitos, desvelando convergências de extratos sonoros múltiplos. Um dos trabalhos ‘clássicos’ do grupo são os quatro volumes titulados “Free Jazz Classics”, nos quais os músicos revisitam uma ampla gama de criações de figuras centrais do free: Ornette Coleman, Anthony Braxton, Joe McPhee, Cecil Taylor, Frank Wright, Carla Bley, Shepp, Hemphill, Cherry e outros mais têm alguns de seus temas recriados pelo quinteto. Não é exagero reconhecer que o Vandermark 5 se tornou o grande laboratório de seu líder. E, se o projeto do quinteto tivesse sido abortado lá atrás, sua obra não contaria com um de seus elos fundamentais, aquele que ajuda a fazer com que seus diversificados projetos não soem como espectros amontoados (por vezes) incompatíveis de uma fértil mente pulsante.

A primeira formação do Vandermark 5 contava com Ken, Mars Williams (sax), Jeb Bishop (trombone, guitarra), Kent Kessler (baixo) e Tim Mulvenna (bateria). No final de 98, houve a primeira alteração, com a substituição de Williams por Dave Rempis. Depois, em 2002, foi a vez de Tim Mulvenna ceder as baquetas a Tim Daisy. Mas a mudança de maior peso ainda estava por vir e ocorreu apenas em 2005, quando Bishop saiu e abriu espaço para a entrada do violoncelista Fred Lonberg-Holm. Essa troca foi a que teve maior relevância no som do quinteto, pois, apesar de Bishop assumir às vezes a guitarra, o combo acabou por sofrer uma radical alteração em seu colorido, perdendo um sopro.

As duas apresentações em destaque trazem o quinteto em seus primeiros anos. Gravados em 97 e 98, os concertos ocorreram no famoso “Empty Bottle”, bar localizado em Chicago e que já recebeu em seu palco muita gente boa. A partir de 1996, o bar passou a manter uma série semanal de jazz/free improv, que teve como um de seus curadores o próprio Vandermark. Os discos foram editados no período em CDR, esgotando em não muito tempo. Ambos concertos começam com forte pegada free, com os sopros em ataques robustos (destaque também para a guitarra na abertura do show de 98). Depois, o ouvinte se depara com uma variedade considerável de sonoridades, com as faixas evoluindo em meio a alternâncias de passagens mais swingadas, com outras mais free, com sabor jazzístico por vezes acentuado, solos de um músico a outro e construções conjuntas constantes.




1. Super Opaque - for Cecil Taylor (9:03)
2. New Luggage - for Shelly Manne (9:48)
3. Fever Dream - for Dan Grzeca (9:29)
4. Attempted, Not Known (13:10)
5. The Start of Something (8:46)
6. Exit Now (6:15)










Recorded August & September 1997, Empty Bottle Chicago.



1. STHLM - for Mats Gustafsson (8:21)
2. Cover to Cover - for Frank Butler (9:28)
3. Full Deck - for Jack Montrose (6:19)
4. Point Blank - for Frank Rosolino (8:33)
5. 4 4 4  (14:17)
6. Lost and Found  (6:28)
7. Vent - for Glenn Spearman (7:16)










Recorded November & December 1998, Empty Bottle, Chicago.**
**Dave Rempis substitui M. Williams