Arthur Doyle: um outsider, de fato (II)

Após o incrível Alabama Feeling, Arthur Doyle adentrou novos campos, ampliando suas perspectivas musicais. O encontro, no fim da década de 70, com o guitarrista Rudolph Grey foi fundamental nesse aspecto.
Grey era um jovem ligado à cena novaiorquina pós-punk e no wave nascente, por onde circulavam Glenn Branca, Arto Lindsay, Lee Ranaldo e Thurston Moore. Em meio a passagens pelos grupos Red Transistor e Mars, Grey se associou ao saxofonista em torno de um projeto rotulado de “The Blue Humans”. Como testemunho do período, há o álbum “Live NY 1980”, um incendiário trio formado por Grey, Doyle e o baterista Beaver Harris (1936-1991). Todavia, o encarceramento de Doyle na França, no começo dos anos 80, acabou por afastá-lo de tal empreitada.








Na década de 90, Grey e Doyle voltaram a se reunir. Alguns desses encontros foram registrados, sendo o principal testemunho o disco Live @ The Cooler, de 1995. Sob o nome de ‘Arthur Doyle Quartet’, os músicos ali agrupados simbolizavam o encontro de duas faces da música underground: a pegada mais rocker de Grey e do baterista Tom Surgal, somada à dicção free de Doyle e Wilber Morris _que resultou em três extensas faixas, todas temas ‘clássicos’ do saxofonista. Não que Surgal e Morris sejam meros coadjuvantes, mas o disco parece mais uma celebração do reencontro de Grey com Doyle. São os dois que dominam o espaço, com amplo destaque aos improvisos atmosféricos, dilatados e intensos do guitarrista.

*Arthur Doyle (tenor sax, flute)
*Rudolph Grey (electric guitar)
*Wilbur Morris (bass)
*Tom Surgal (drums)

BHu
1. Spiritual Healing 20:19
2. Flue Song 10:43
3. Noah Black Ark 14:14

Recorded March 15, 1995.

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ps: quem estiver interessado no trabalho de Doyle, pode conferir também o Sonorica, onde o Akira tem destacado o saxofonista.