Estive ouvindo, nos últimos dias, uma jovem saxofonista italiana e pensando que há um infinito campo para descobertas de músicos e sons a que não temos (e, infelizmente, muitos nunca teremos) acesso. Peter Brotzmann, David S. Ware, Charles Gayle e William Parker podem ser nomes ‘ocos’ para muitos que se interessam e canalizam seus esforços para essas sonoridades que margeiam o chamado jazz. Mas, apesar de nunca terem sido agraciados com o prêmio de ‘melhor do ano’ da Down Beat, esses senhores são relativamente conhecidos e informações sobre eles e seus fantásticos trabalhos abundam mundo virtual afora.
O mais difícil, especialmente para nós que vivemos no hemisfério sul do globo, é ter acesso a novos (em alguns casos, também veteranos) músicos que não conseguiram, nem ao menos, serem gravados por selos-base do território free, como Leo, Cimp ou DIW que, no final das contas, conseguimos comprar em lojas virtuais. Penso em gente que vende seus CDRs no fim dos shows ou grava poucas centenas de cópias de forma mais artesanal. Para nós, há ainda o agravante de não termos oportunidades de vermos essa gente ‘mais desconhecida que os desconhecidos’ tocando em botecos, festivais ou centros culturais da vida. E nossos tantos ‘festivais’ nunca se importarão com o que há de realmente fresco acontecendo: até podem trazer gente que o público médio nunca ouviu falar, mas desde que já desembarquem respaldados por prêmios na Down Beat ou capa dominical do NYT. Mas não percamos tempo com lamentações. Nos próximos posts, a ideia será a de tentar mostrar um pessoal menos privilegiado até do que nossos ilustres ‘desconhecidos’, tentar aventar alguns nomes menos comentados para quem, às vezes, passa por essas bandas.