
A vida de músico profissional de Victor começou quando estava perto de seus vinte anos e passou a participar com seu sax intensivamente da cena do ‘Beco das Garrafas’ _reduto da música instrumental no Rio, por onde circulavam nomes da bossa nova e do nascente samba-jazz. Nas jam sessions dominicais do ‘Little Club’, conviveu com figuras como Paulo Moura, Raul de Souza e Luiz Eça. Em 66, estreou em disco, com “Desenhos”. Depois viriam "Trajeto" (68) e “Esperanto” (de 70, que teve uma versão em CD titulada de “The Legacy” e que é, provavelmente, seu melhor trabalho).
A morte prematura e o fato de dedicar-se apenas a trabalhos instrumentais pesaram no relativo esquecimento de sua obra _que não foi nem lançada em sua totalidade em formato digital... Há não muito tempo, conversei com seu irmão pianista, João Carlos, que lamentou o descaso e o esquecimento em relação a obra de Victor:
“Em um país como o nosso, onde tudo é esquecido, não é de surpreender o desconhecimento sobre a obra do Victor. Muita gente não sabe seu valor. Provavelmente seja mais conhecido e admirado nos EUA, o que é uma pena, pois Victor era um músico brasileiro que se dedicava a criar uma música que, se tinha uma visada jazzística, também tinha uma sonoridade que só podia nascer aqui”, disse João Carlos. Quando Victor morreu, deixou algumas malas em seu quarto, que permaneceram trancadas até o final da década de 80. Ao abrir as malas, João Carlos se deparou com uma infinidade de partituras escritas pelo saxofonista, nunca antes executadas. "Victor compunha como quem toma água, deixou umas 300 partituras. Grande parte dessa música permanece inédita até hoje e não se trata apenas de jazz. Há composições eruditas [dois quartetos de cordas, peças para orquestra, duos e trios variados]. Algumas dessas composições eu já gravei, mas há muito ainda a ser explorado”, contou o pianista. Recentemente, ele optou por doar as partituras de Victor para a Escola de Música Villa-Lobos, no Rio, na tentativa de fazer com que jovens músicos tenham contato com a obra do compositor. No disco “Self Portrait”, João Carlos reuniu um quarteto e gravou 12 das composições inéditas de seu irmão.
"Gravação ao vivo, de 2/set/1974, no Teatro da Galeria (Rio)"
*Victor Assis Brasil: alto e soprano
* Marcio Montarroyos: trompete
*Paulinho Russo: baixo
*Alberto Farah: piano elétrico
*Lula: bateria
Lado A
1.Pro Zeca (Assis Brasil)
2.Somewhere (Bernstein/Sondhein)
Lado B
3.Puzzle (Assis Brasil)
4.Waving (Assis Brasil)