O espírito livre, a pura free improvisation, marca esse encontro desde o início. Mais do que tocarem sem ensaios ou planejamentos, os músicos foram chegando aos poucos, a partir do dia 25 de maio, no local combinado e começando a tocar com quem estava a postos. Os primeiros a desembarcarem foram os caras do Trio X, que foram direto de uma gig em NY no dia anterior. No fim da tarde, apareceram Kowald e Mark. A primeira sessão começou naquele dia, à noite. Paul Smoker e David Prentice foram os últimos a chegarem, apenas no dia seguinte, quando os outros músicos já haviam executado sons que comporiam algumas das faixas do álbum.

O resultado da reunião foram faixas com instrumentações diversas; não são todas que contam com a participação de todos os sete músicos juntos _como ocorre, por exemplo, em “Wow Wow II” e “Fractals.5”. Há temas apenas com os baixos em ação (“Good Clean Fun” e “Endorpher”), outro para trompete e bateria (“Standard”) e por aí segue... Entre muitas passagens mais contemplativas, há momentos de grande energia, como em “Zee Zoning”. O som às vezes pode soar um pouco mal produzido. Mas isso é proposital, uma escolha do pessoal que comanda o ‘The Spirit Room’ _onde as gravações acontecem. Para quem desconhece, esse é um estúdio quase caseiro, criado pelo pessoal da CIMP Records. Da capa do álbum à hospedagem, passando pelas refeições e a captação do som, tudo é feito no mesmo local, uma chácara da família Rusch, que comanda todo o processo da gravadora. A captação do som é feita de forma simples e direta, sem remixagens posteriores. É normal ouvirmos os instrumentos ora subindo, ora desaparecendo em meio aos outros _mas acho até que o resultado acústico desse álbum está mais equilibrado do que outros da gravadora que conheço. Se alguém me perguntasse do que se trata free improvisation, eu ofereceria esse disco como introdução: instrumentistas dos mais respeitáveis, em um encontro que mostra diversas facetas desse campo de exploração sonora.

Recording Date: May 25-27, 1998