Novidades nas prateleiras

Se o mercado brasileiro de discos de jazz vive um de seus momentos mais anêmicos (com certeza desestimulado pelo fim dos grandes festivais (sem propaganda espontânea, para que lançar coisa nova??)), lá fora as novidades prosseguem, com os pequenos selos que nos alimentam soltando muita coisa valiosa.

O grande Charles Gayle encabeça a lista com uma gravação feita ao vivo em 20 de junho de 2009, em Vilnius, na Lituânia. Seguindo o trabalho que tem desenvolvido recentemente, o selo NoBusiness lança este Our Souls em edição limitada em LP, onde o saxofonista é acompanhado por Dominic Duval (baixo) e Arkadijus Gotesmanas (bateria). O disco abre com “Hearts Cry” (um título bem ao estilo de Gayle), com o saxofonista testando o alto. Apesar de Gayle ser conhecido mais como tenorista, ele conta que no período em que vivia nas ruas utilizava muito o alto, por ser mais fácil de carregar em sua jornada. O disco traz cinco faixas. Edição de 500 cópias numeradas.


Nem parece que Albert Ayler morreu com apenas 34 anos, em 1970, dado a envergadura de sua influência até os dias atuais. Homenagens a esse músico mítico não faltaram nessas últimas quatro décadas. Mas quando instrumentistas como esses se juntam, impossível não sair algo inspirado. Em novembro de 2008, no palco do "Dynamo", em Paris, se juntaram Joe McPhee (tenor e pocket trumpet), Roy Campbell (trumpet, bamboo flutes, voice), William Parker (bass) e Warren Smith (drums). O resultado pode ser ouvido agora, neste Tribute To Albert Ayler, da Futura Marge, que traz versões para clássicos como "Music Is The Healing Force Of The Universe”, "The Truth Is Marching In" e "Prophet John" _esta escrita por Don Ayler, irmão do saxofonista, morto em 2007.


Dentre as novidades, um relançamento bastante importante: o primeiro disco de Charles Tyler, gravação original de fevereiro de 1966, que chega agora em edição CD pelas mãos da ESP. Nessa estreia, que recebeu o nome de Charles Tyler Ensemble, aparecem Joel Friedman (cello), Henry Grimes (bass), Ronald Jackson (drums) e Charles Moffett (orchestra vibes). Disco que merece lugar na estante dos interessados no som radical dos 60. Apesar de ter ficado conhecido por seu trabalho com o barítono, Tyler se concentra aqui no alto.