A guitarra é um dos instrumentos menos contemplados no free jazz. Talvez apenas a voz tenha tido menos representantes de destaque. Claro que há os imortais do instrumento no gênero: todos conhecem Derek Bailey, Sonny Sharrock, Masayuki Takayanagi e James Ulmer. Mas, em comparação a baixo, piano, sax, trompete, bateria, a guitarra carece de um leque mais amplo de instrumentistas nessas cinco décadas de música livre.
Mesmo que possa ser considerado herdeiro dos guitarristas citados, o americano Joe Morris desenvolveu uma pegada própria, limpa, sem efeitos e pedais, gozando hoje do prestígio de ser o free guitar player mais respeitado. Sua guitarra não tem o peso e a aridez de Sharrock, nem soa estruturalmente abstrata como a de Bailey. O crítico Gary Giddins, da The Village Voice, já disse que Morris parece uma mistura de Ornette Coleman com Jim Hall.
Nascido em New Haven, Connecticut, em 1955, Morris começou a tocar guitarra na adolescência, aos 14 anos. Nessa época, foi presenteado pela irmã com uma cópia de OM, de John Coltrane, gravação que abriu seus sentidos à música nova. Indo para Boston em 75, passou a tocar improvised music na cena local. Em 81 fundou seu próprio selo, o Riti Records, pelo qual lançou seu primeiro álbum, Wraparound. Foi na década de 90 que Morris passou a se tornar um personagem respeitado no meio, sendo figura fácil nos álbuns de free/improvised dos mais diferentes músicos: Matthew Shipp, Rob Brown, David S. Ware, Mat Maneri, Ken Vandermark, Hamid Drake, Whit Dickey. Em 97, realizou uma interessante gravação com Ivo Perelman, Strings, na qual o saxofonista deixou o sopro de lado e tocou apenas violoncelo (dedilhado), perfazendo um duo de cordas com Morris. Em 2000, passou a se apresentar também no baixo acústico. Essa sua faceta de baixista pode ser conferida em recentes álbuns de Matthew Shipp _Piano Vortex e Harmonic Disorder.
Em entrevista a OmniTone, Morris deu interessante depoimento sobre seu trabalho como compositor:
"I tend to write groups of tunes that hopefully fit together and also contrast each other. My understanding of repetoire as a ‘free jazz‘ artist allows me to attempt different theamatic and structural material to alter the pattern of our performance. So I write what I think will give us a place to play freely and not repeat ourselves. Sometimes no theme or structure is a very confining thing. Often the freest or the most structured parts are invisible in the performance anyway and also mutually supportive. I work really hard on the sequence of each recording so that they can be heard like a story. Hopefully the listener can fill in the content of the story"
Symbolic Gesture, que apareceu em 94, traz Morris em trio, desfilando cinco composições próprias. O disco é uma extensa e estimulante apresentação ao dedilhado de Morris, com o trio em sintonia, numa bela gravação.
Joe Morris: guitar, producer
Nate McBride: bass [acoustic]
Curt Newton: drums
Recorded on 12 June 1993 at The Outpost, Stoughton, MA
Mesmo que possa ser considerado herdeiro dos guitarristas citados, o americano Joe Morris desenvolveu uma pegada própria, limpa, sem efeitos e pedais, gozando hoje do prestígio de ser o free guitar player mais respeitado. Sua guitarra não tem o peso e a aridez de Sharrock, nem soa estruturalmente abstrata como a de Bailey. O crítico Gary Giddins, da The Village Voice, já disse que Morris parece uma mistura de Ornette Coleman com Jim Hall.
Nascido em New Haven, Connecticut, em 1955, Morris começou a tocar guitarra na adolescência, aos 14 anos. Nessa época, foi presenteado pela irmã com uma cópia de OM, de John Coltrane, gravação que abriu seus sentidos à música nova. Indo para Boston em 75, passou a tocar improvised music na cena local. Em 81 fundou seu próprio selo, o Riti Records, pelo qual lançou seu primeiro álbum, Wraparound. Foi na década de 90 que Morris passou a se tornar um personagem respeitado no meio, sendo figura fácil nos álbuns de free/improvised dos mais diferentes músicos: Matthew Shipp, Rob Brown, David S. Ware, Mat Maneri, Ken Vandermark, Hamid Drake, Whit Dickey. Em 97, realizou uma interessante gravação com Ivo Perelman, Strings, na qual o saxofonista deixou o sopro de lado e tocou apenas violoncelo (dedilhado), perfazendo um duo de cordas com Morris. Em 2000, passou a se apresentar também no baixo acústico. Essa sua faceta de baixista pode ser conferida em recentes álbuns de Matthew Shipp _Piano Vortex e Harmonic Disorder.
Em entrevista a OmniTone, Morris deu interessante depoimento sobre seu trabalho como compositor:
"I tend to write groups of tunes that hopefully fit together and also contrast each other. My understanding of repetoire as a ‘free jazz‘ artist allows me to attempt different theamatic and structural material to alter the pattern of our performance. So I write what I think will give us a place to play freely and not repeat ourselves. Sometimes no theme or structure is a very confining thing. Often the freest or the most structured parts are invisible in the performance anyway and also mutually supportive. I work really hard on the sequence of each recording so that they can be heard like a story. Hopefully the listener can fill in the content of the story"
Symbolic Gesture, que apareceu em 94, traz Morris em trio, desfilando cinco composições próprias. O disco é uma extensa e estimulante apresentação ao dedilhado de Morris, com o trio em sintonia, numa bela gravação.
Joe Morris: guitar, producer
Nate McBride: bass [acoustic]
Curt Newton: drums
Recorded on 12 June 1993 at The Outpost, Stoughton, MA